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Autores independentes brasileiros elogiam alteração na remuneração feita pela Amazon

Empresa pagará pelo número de páginas lidas de cada e-book

Empresa mudou forma de remuneração a autores independentes
Foto: Andrew Harrer / Bloomberg
Empresa mudou forma de remuneração a autores independentes Foto: Andrew Harrer / Bloomberg

RIO - Autores brasileiros e profissionais do mercado editorial gostaram da mudança no sistema de remuneração do Kindle Direct Publishing, anunciada pela Amazon. Na última segunda-feira, a empresa anunciou que passará a pagar escritores independentes pelo número de páginas lidas no serviço de assinatura mensal.

A medida passa a valer em julho. Anteriormente, os valores pagos se baseavam no número de downloads das obras. A empresa apenas levava em conta aquelas que haviam sido lidas em mais de 10% de seu conteúdo.

Fenômeno do mundo da autopublicação, FML Pepper não vê problemas na decisão. A autora da trilogia "Não pare!", que tem mais de 12 mil exemplares vendidos, afirma que ajustes serão precisos.

— Vejo com bons olhos. Como tudo na vida, vai precisar de ajustes na trajetória. Mas acho que a medida vai fazer justiça no sentido das cotas. A questão dos 10% prejudicava autores de livros mais longos. Para mim, vai ser positivo. Quem ultrapassa os 10%, vai até o fim e lê os três livros. Talves isso possa ser danoso para leituras mais complexas — explica ela, que tem um contrato híbrido de publicação e publica seus livros físicos pela editora Valentina.

Raphael Secchin, sócio-fundador da plataforma de autopublicação Bibliomundi, diz que o formato antigo fazia com que autores de ficção desmembrassem livros para ganhar mais. Este ajuste, segundo ele, pode corrigir a imperfeição.

— Quando um autor publicava quinze capítulos como livros, ele ganhava 15 vezes mais. Isso era prejudicial. Principalmente porque autores de não-ficção não podem fazer isso com tanta facilidade. O ajuste resolve esse problema, mas traz outros. Agora, imagino que autores de livros infantis, que têm muitas ilustrações, e de poesia passem a ganhar mais — diz ele, que vai participar de um debate sobre autopublicação na Casa Off Flip das Letras, em Paraty, no dia 3 de julho.

A paulista Vanessa Bosso, que participará da mesa com Raphael, concorda. Autora do romance adolescente "A aposta", baixado mais de 10 mil vezes, diz que mudou de opinião sobre a decisão da Amazon. Para ela, "autores bons" não sairão prejudicados.

— Primeiro fiquei chocada, mas depois pensei melhor. Quem ganha é o leitor, que vai poder escolher com mais tranquilidade.