O romance “O meu irmão”, do português Afonso Reis Cabral, recebeu hoje o Prêmio Leya, oferecido pela editora portuguesa anualmente a uma obra de ficção inédita de um escritor lusófono. Mais jovem ganhador da história do prêmio, Cabral, de 24 anos, é trineto de Eça de Queiroz, autor de clássicos da literatura portuguesa como “Os Maias” e “O primo Basílio”.
O anúncio foi feito hoje pelo escritor português Manuel Alegre, presidente do júri, integrado também pelos portugueses Nuno Júdice e José Carlos Seabra Pereira, o angolano Pepetela e os brasileiros José Castello, colunista do GLOBO, e Rita Chaves. Na justificativa do prêmio, os jurados elogiaram o romance pela maneira como trata a relação de um homem de cerca de 50 anos com o irmão, portador de síndrome de Down.
“A realidade é trabalhada de uma forma objetiva e com a violência que estas situações humanas podem desenvolver, dando também um retrato social que evita tomadas de decisão fáceis”, diz o texto do júri. Os jurados destacaram também a “tonalidade lírica”, a “poesia” e o “humor” da obra.
Nascido em Lisboa, em 1990, Cabral publicou em 2005, aos 15 anos, o volume de poemas “Condensação”. “O meu irmão” é seu primeiro romance. Em entrevista ao jornal português “Público”, ele disse ter levado três anos para concluir o livro, conciliando a literatura com o trabalho como revisor e coordenador em editoras: “É impossível escrever sem ler, sem o contato com outros livros”, disse Cabral.