RIO - A escritora e idealizadora do Fórum das Letras de Ouro Preto Guiomar de Grammont resolveu deixar o júri do Prêmio São Paulo de Literatura. A decisão veio depois da informação, divulgada no último sábado pela “Folha de S. Paulo”, de que ela cuidara da edição de dois dos finalistas —, “Nossos ossos”, de Marcelino Freire, e “O evangelho segundo Hitler”, de Marcos Peres — no período em que foi editora-executiva de ficção nacional do Grupo Record.
Guiomar abandonou o posto em dezembro de 2013, e hoje, entre outros projetos, é a curadora da programação brasileira no Salão do Livro de Paris de 2015. Em nota, a escritora disse ter tomado a decisão para evitar que pairem suspeitas sobre o resultado do Prêmio São Paulo deste ano. Guiomar destacou ainda não ter nenhum vínculo de parentesco com nenhum finalista do troféu literário.
Os outros membros do júri são Carlo Carrenho, do site Publishnews; Ivan Marques, professor de literatura brasileira da USP; Rita Palmeira, da editora Três Estrelas; e o escritor e tradutor Rubens Figueiredo. Os vencedores da premiação serão divulgados em novembro.
Leia a íntegra da carta de Guiomar de Grammont:
Prezados Organizadores do Prêmio São Paulo,
O fato de eu ter sido editora da Record não caracteriza vínculo de parentesco ou profissional com nenhum candidato ao prêmio São Paulo. Tenho doutorado em literatura brasileira pela USP e comprovada experiência profissional nesta área. Desde dezembro de 2013 não faço mais parte da editora Record e o fato de ter sido editora de ficção nacional é atestado da minha competência e rigor na análise da qualidade das obras literárias.
De qualquer forma, em toda minha vida profissional nunca desempenhei nenhuma atividade em que paire a menor suspeita de falta de ética e transparência, por isso, tomo voluntariamente a decisão de me afastar do juri do prêmio São Paulo, esperando que seja possível me substituir com a máxima presteza para que os trabalhos de análise das obras concorrentes não sejam prejudicados.
Atenciosamente,
Guiomar de Grammont