Documentos inéditos sobre Cervantes são descobertos na Espanha
Investigadores descobriram quatro documentos desconhecidos que trazem luz à vida do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616), autor do romance "Dom Quixote de la Mancha", clássico da literatura ocidental.
Os papéis foram encontrados em arquivos nas cidades de Sevilha e La Puebla de Cazalla, no sul da Espanha, segundo informou o arquivista José Cabello Núñez. Um deles estava assinado pelo próprio Cervantes.
Os manuscritos indicam que o escritor trabalhou como coletor de impostos e também como empregado do provedor da Companhia das Índias Ocidentais, Cristóbal de Barros.
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Retrato do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616), autor de 'Dom Quixote' |
Trata-se de um construtor de navios de guerra que estava sob as ordens do rei Felipe 2º. Ele foi um dos organizadores da frota espanhola que derrotou os otomanos na batalha de Lepanto, em 1571.
O nome de Barros, segundo Núñez, nunca havia aparecido nas biografias de Cervantes.
Um dos documentos, datado de 1593, é um acordo entre o município de La Puebla de Cazalla e Cervantes que o permitia confiscar trigo e cevada como um representante do Tesouro Real.
Segundo acreditavam os biógrafos de Cervantes até o momento, o escritor vivia em Sevilha na época e não estava dedicado a nenhuma atividade em particular.
Dois outros manuscritos, descobertos no arquivo das Índias Ocidentais em Sevilha, apontam para o fato de que o escritor trabalhou como superintendente de provisões em La Puebla de Cazalla entre fevereiro e abril de 1593.
Num deles, assinado por Cervantes, o autor de "Dom Quixote" permitia que uma mulher chamada Magdalena Enríquez retirasse seu salário por ele. O nome também é desconhecido de seus biógrafos.
Segundo Cabello explicou, na época, as mulheres não podiam fazer qualquer transação financeira sem a permissão de um homem, a não ser que fossem viúvas. Por isso, ele continuará pesquisando para descobrir qual a natureza da relação entre ela e Cervantes.
O escritor foi para Sevilha na época em que a cidade era a capital econômica de um império e um dos locais mais importantes da Europa, além de abrigar o porto utilizado pela Companhia das Índias Ocidentais.
O cenário foi descrito por ele em alguns de seus livros.
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