Erotismo e sofrimento
PublishNews, Redação, 22/12/2009
O lado obscuro das relações familiares pela visão de suave de Yasunari Kawabata
A cada dia Shingo Ogata trava novos confrontos com a memória que desvanesce. Preocupado com a decadência moral de seus descendentes, divide-se entre a difícil função de chefe de família e o clamor da beleza que o traga a todo instante para paisagens que estão além de seu convívio com os homens. Parte da chamada “trilogia dos sentimentos humanos”, ao lado de O país das neves (Estação Liberdade, 2004) e Mil tsurus (Estação Liberdade, 2006), O som da montanha (Estação Liberdade, 344 pp., R$ 53 – Trad.: de Meiko Shimon), de Yasunari Kawabata, constitui um exercício de felicidade. O autor faz brotar da narrativa os demônios pessoais que a rigidez da família japonesa não é capaz de conter em uma era de incertezas, abalada pela crise de identidade que sobreveio à Segunda Guerra Mundial. Shingo Ogata, representante de uma geração que se despede, luta para fazer valer sua autoridade e a sabedoria da tradição, mas é capturado por flores, cantos de pássaros, e mais amiúde pela beleza e delicadeza da jovem nora, Kikuko.
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