São Paulo, sábado, 08 de janeiro de 2005

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POLÍTICA CULTURAL

Entidade destina R$ 5 mi a projeto que beneficiará 28 museus, como a Pinacoteca e o Lasar Segall, em SP

Caixa divulga entidades apoiadas em 2005

DA SUCURSAL DO RIO

Três dias depois de o BNDES divulgar os 49 projetos culturais que receberão R$ 5 milhões do banco neste ano, a Caixa Econômica Federal anunciou ontem, no Rio, para onde vão os R$ 5 milhões do projeto Caixa de Adoção de Entidades Culturais.
Assim como o similar do BNDES, o programa da Caixa se voltou para museus e instituições dedicadas à memória. São 28 entidades contempladas, de 11 Estados, com valores entre R$ 8.000 e R$ 499 mil. Pinacoteca de São Paulo, Museu Paulista da USP, Museu Lasar Segall (SP), Centro Cultural São Paulo, Museu de Arte Sacra (BA) e Museu Nacional (RJ) estão entre os escolhidos.
Só foram contemplados em ambos os editais o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a Fundação do Homem Americano, do Piauí, mas com projetos diferentes em cada uma das seleções.
Segundo o ministro da Cultura, Gilberto Gil, o fato de os museus estarem recebendo muitas verbas durante o governo Lula é mérito dos próprios museus.
"Eles são como um vulcão: têm uma atividade constante lá no fundo. Foram as ações deles que provocaram demandas no ministério. A música levou muito mais tempo para provocar isso. O teatro está levando ainda mais tempo. Não se governa no vácuo. Governa-se com os governados. Eles têm de indicar ao governo as formas de atuação", afirmou Gil.
Após ressaltar a importância de ouvir a sociedade, Gil se irritou com uma repórter que comentou que a maior parte da sociedade seria contra o projeto da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), até hoje não enviado ao Congresso Nacional por causa das pressões contrárias.
"Você está partindo de um pressuposto que não é verdadeiro. Esse [pressuposto] não é razoável. Boa parte da sociedade é a favor da Ancinav, assim como boa parte pode não ser", rebateu Gil, antes de atacar, sem citar nomes, os que criticam a Ancinav, como as Organizações Globo.
"A regulamentação é um desejo muito antigo, que já foi tentado pelos ministros [das Comunicações] Sergio Motta e Pimenta da Veiga no governo Fernando Henrique, mas foi bombardeado por forças contrárias. Mas as forças favoráveis aumentaram, porque a urgência dessa regulamentação se tornou dramática, com os grandes grupos de comunicações controlando vários segmentos do setor e as empresas de telefonia consolidando-se como produtoras e distribuidoras de conteúdo audiovisual", disse.
Gil aproveitou para defender o governo Lula. "As oposições nos criticavam por não termos plano de governo. Ainda que isto não seja totalmente verdade, é parcialmente verdade, o que é bom. Não temos uma visão verticalizada, voluntarista, impositiva. Estamos aprendendo a governar com a realidade." No final da cerimônia, Gil cantou, dançou e improvisou vocalises enquanto o grupo Filhos de Marta, formado por jovens do morro carioca Santa Marta, tocava "Na Glória", de Raul de Barros.
O presidente da Caixa, Jorge Mattoso, garantiu que o projeto de apoio a entidades culturais continuará em 2005. Segundo ele, a concentração de boa parte dos recursos no Rio e em SP se explica pelo maior número de instituições nesses Estados.


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