Editores educacionais discutem na Bienal o futuro do livro didático
PublishNews, Redação, 04/07/2022
Fórum da International Publishers Assosciation (IPA), em parceria com Abrelivros e CBL, trata de transformações digitais, cooperação internacional e papel do professor no século XXI

Ângelo Xavier e Bodour Al Qasimi | © Gustavo Villela_Abrelivros
Ângelo Xavier e Bodour Al Qasimi | © Gustavo Villela_Abrelivros
Com o tema “Caminhos para uma Educação de Qualidade”, o Fórum de Editores Educacionais reuniu no primeiro dia da 26ª Bienal Internacional de São Paulo representantes do mercado editorial global, autoridades públicas e instituições da sociedade civil para debater a importância do livro escolar e dos materiais didáticos na formação de crianças e jovens. O encontro foi realizado pela International Publishers Association (IPA) em parceria com a Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros) e a Câmara Brasileira do Livro (CBL), no papo de Mercado by MVB, espaço dentro da Bienal dedicado a debates relacionados ao mercado editorial.

Bodour Al Qasimi, presidente da IPA, ressaltou a importância da proteção dos direitos autorais para que os editores educacionais invistam nas novas tecnologias com segurança. “Devemos estar abertos a ideias com potencial de levar a soluções benéficas a todas as partes envolvidas para criarmos um desenvolvimento sustentável”, disse a presidente da IPA. “Nosso futuro depende da capacidade da geração jovem de questionar o status quo e desafiar as crenças estabelecidas.”

Em seguida, o primeiro painel do dia discutiu os programas governamentais de livros educacionais, com a participação de José Borghino, secretário-geral da IPA; Nadja Rodrigues, coordenadora-geral dos Programas do Livro do FNDE/MEC; Ramiro Villalba, membro do grupo de Educação da Câmara Argentina do Livro; e Juan Arzoz, ex-presidente da Câmara da Indústria Editorial Mexicana.

O debate abordou as experiências de México, Argentina e Brasil com políticas públicas para o livro didático. Os debatedores defenderam um mercado aberto competitivo, com leis de defesa dos direitos autorais e o bom relacionamento entre governos, editores e professores.

O primeiro painel da tarde tratou do papel do livro didático na escola do século XXI, com mediação de Ângelo Xavier, presidente da Abrelivros, associação que reúne os principais editores de livros escolares do Brasil. Segundo ele, o maior desafio é discutir o tema sob a ótica dos professores e alunos. O presidente da Abrelivros lembrou que essa geração de alunos nasceu na era digital, frisando que as escolas estão recebendo professores que se desenvolveram nessa mesma época. “Para esse público, o livro didático assume uma outra magnitude e os professores, assim como os livros, passam a ter um novo papel nessa nova escola”, afirmou.

Marx Arriaga, diretor de Materiais Educativos do Ministério da Educação Pública do México, fez um resgate histórico para abordar o processo de transformação dos materiais educativos e como os livros se relacionam com a própria história do país. Luis Carlos Gil, coordenador do Comitê de Educação da Câmara Colombiana do Livro, contou que a transformação digital nas escolas do país já é uma realidade, com materiais educativos analógicos e digitais convivendo simultaneamente e um aumento no número de professores nativos digitais.

Presidente da Associação Nacional de Educação Básica Híbrida, a brasileira Maria Inês Fini falou sobre o conceito de educação híbrida, sua forma de organização, os aspectos necessários para a implantação de um sistema efetivamente híbrido e a importância dos recursos educacionais digitais como complemento fundamental para os materiais impressos.

O presidente do Fórum Latino-Americano de Editores Educacionais, o executivo brasileiro Eduardo Kruel Rodrigues, participou do painel de encerramento, que trouxe a era digital para o centro da discussão, abordando como o mercado editorial se coloca nessa nova realidade. Ele analisou a transformação digital e a pandemia como ponto de inflexão para o atual momento e destacou a importância de conceber o material didático com novas soluções para o ensino, os processos de produção e novos arranjos institucionais. A diretora-executiva do Instituto Reúna, Katia Smole, apresentou uma pesquisa que traz o panorama dos livros didáticos digitais pelo mundo. O levantamento considerou 11 países e mostra que não há substituição total do livro impresso pelo digital.

Com uma realidade bem diferente da brasileira, a Holanda está desenvolvendo, por exemplo, um sistema baseado na confiança. A partir de acordos com diferentes aspectos - funcional, operacional, técnico e jurídico -, escolas e fornecedores buscam facilitar o acesso às soluções que trazem benefícios para eles e a sociedade. Stephan de Valk, presidente do Fórum de Editores Educacionais da IPA, explicou que o programa teve origem em uma Parceria Público-Privada, há mais de 15 anos, financiado pelo governo holandês por meio do Fundo Nacional para o Crescimento. O programa também conta com investidores privados, que recebem de volta metade do valor destinado ao projeto. “Sem regime de colaboração, não vamos a lugar algum”, concluiu De Valk.

[04/07/2022 08:00:00]