​Morre Neal Adams, para muitos o maior desenhista de Batman
PublishNews, Redação, 02/05/2022
Artista americano tinha 80 anos, 60 deles dedicados a uma carreira em que revolucionou o Homem-Morcego e também outros heróis, como Lanterna Verde e Arqueiro Verde

Foi anunciada neste final de semana a morte de Neal Adams, um dos maiores desenhistas de histórias em quadrinhos de todos os tempos. Ele tinha 80 anos e durante as últimas seis décadas ajudou a transformar a estética dos gibis. Para muitos fãs e especialistas, trata-se do melhor desenhista que o personagem Batman já teve.

Adams assumiu o personagem no final dos anos 1960, desenhando roteiros de Dennis O’Neil na DC Comics. Criado em 1939, Batman tinha apresentado uma queda de vendas de suas revistas no início daquela década, um pouco devido ao surgimento dos heróis que trariam a grande fase da rival Marvel, como Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, Thor, Hulk e Homem de Ferro. Em relativa baixa nos gibis, Batman foi adaptado para um seriado de TV de extremo sucesso, um projeto iniciado em 1966 e que durou três temporadas.

No entanto, ser bem-sucedido na televisão não ajudou muito nas bancas. O seriado era uma adaptação cômica que não encontrava ressonância na produção de quadrinhos. Quando pegou o personagem, Adams deu a ele um tom sombrio, realista e, dando palpites nos roteiros e escrevendo alguns, passou a retratar as agitações culturais e políticas daqueles tempos. Isso levantou novamente os quadrinhos do Homem-Morcego e deu a Adams a liberdade de poder escolher os projetos que queria fazer dali em diante.

Um deles foi uma série de gibis unindo outros dois personagens da DC, Lanterna Verde e Arqueiro Verde. O que se viu foi uma revolução completa. Aquelas revistas trouxeram ao universo da HQ pela primeira vez o consumo de drogas, o racismo, a opressão política e tantas outras pautas quentes com a explosão da contracultura que marcou a época.

Em toda a sua carreira, Adams também desenhou para a Marvel, com gibis memoráveis do Quarteto Fantástico e dos Vingadores, produziu novelas gráficas fora das grandes editoras e também foi muito atuante longe da prancheta. Defendeu os direitos autorais de quem produzia HQ, fundou uma espécie de sindicato muito forte com outro gigante dos quadrinhos, Stan Lee (1922-2018), e deu oportunidade a muitos artistas novos.

O traço dos desenhos de Adams se transformou quase numa identidade da DC Comics. Em anos mais recentes, ele foi autor de vários especiais em quadrinhos que louvaram as décadas de sucesso da editora.

Adams nasceu em 1939, o mesmo ano da estreia de Batman nos quadrinhos, e morreu na mesma Nova York. Segundo sua viúva, vítima de uma infecção generalizada. Deixa um legado gigantesco, no qual apenas por seu trabalho em Batman já teria por mérito um lugar no panteão dos quadrinhos.

Muito material de Adams é publicado hoje aqui no Brasil pela Panini. Há uma série em curso, A saga de Batman, que resgata várias fases do personagem e traz trabalhos do desenhista. Há também uma série lançada há pouco tempo, ainda encontrada em lojas de quadrinhos, chamada Lendas do Cavaleiro das Trevas, que tem muitos volumes que compilam apenas histórias que saíram das mãos de Neal Adams.

[02/05/2022 08:00:00]