Junto com seu marido, Andrei Duchiade, ela fundou a Leonardo da Vinci em 1952 e deixou um legado cultural e intelectual, sendo considerada por muitos, a maior livreira do país. Ao longo do tempo em que esteve à frente da Leonardo da Vinci, dona Vanna, como era conhecida pelos pares, fez da livraria um ponto de encontro de artistas, intelectuais e políticos. Nomes como Clarice Lispector, Glauber Rocha e Golbery do Couto e Silva frequentaram o ponto comercial.
Drummond, outro frequentador, chegou a escrever sobre a Leonardo da Vinci no poema A livraria, de 1973: “... a loja subterrânea expõe os seus tesouros / como se defendesse de fomes apressadas. / Ao nível do tumulto de rodas e pés / não se decifra a oculta sinfonia de letras e cores enlaçadas / no silêncio dos livros abertos em gravura...”
Em suas redes sociais, a livraria Da Vinci -- hoje e desde 2015 capitaneada por Daniel Louzada -- reforçou o papel importante que dona Vanna teve não só para a história da livraria, como para a cultura do Rio de Janeiro e Brasil. “Dona Vanna foi uma livreira à moda clássica. Conhecendo pessoalmente seus clientes, formou uma geração de intelectuais”.
Outras livrarias e pessoas do mercado editorial também prestaram homenagens à dona Vanna. A carioca Argumento, por exemplo, lembrou que a livreira “passou por momentos de extrema dificuldade sem nunca desanimar ou se queixar” e “foi, sem saber, a professora de todos nós”.
Danielle Paul, presidente da Associação Estadual de Livrarias do Rio de Janeiro (AEL), manifestou pesar e "profundo respeito" pela colega, que classificou como exemplo de resistência: "uma inspiração para lidar com as adversidades em nosso meio, não raramente severas”.
O corpo de dona Vanna será cremado nesta quarta-feira (em cerimônia restrita aos familiares, devido aos tempos de pandemia).