Um romance sobre exílio, liberdade, amor e afeganidade
PublishNews, Redação, 29/11/2021
Publicado pela Estação Liberdade, livro do autor afegão Atiq Rahimi narra duas histórias paralelas que ocorrem em torno de um acontecimento real

Todo ser humano é um carregador de água. Alguns de nós, em regiões muito secas do mundo, com baldes, carregam-na de uma nascente distante até as casas de uma cidade. Mas também todos nós, mesmo que não cheguemos a esse extremo da ação, carregamos em nossas células grande quantidade do líquido vital. Com essa premissa, embora velada a princípio, o autor afegão Atiq Rahimi narra em seu novo romance, Os carregadores de água (Estação Liberdade, 256 pp, R$ 59 - Trad.: Jennifer Queen), duas histórias paralelas que ocorrem em torno de um acontecimento real do dia 11 de março de 2001: a destruição das estátuas dos Budas de Bâmiyân pelo Talibã. Uma das histórias é a de Yûsef, um afegão que trabalha em Cabul justamente carregando água em seu odre. Com ele, os leitores acompanham a miséria, o envelhecimento de um corpo castigado pelo mundo, e ao mesmo tempo a descoberta desse corpo em prontidão para amar e para matar. A outra história é a de outro afegão, Tom, que há anos vive exilado na França. Na manhã do 11 de março de 2001, ele acorda decidido a deixar para trás sua esposa e sua filha e ir de carro a Amsterdã para se encontrar com outra mulher, Nuria. Apesar de as duas narrativas jamais se cruzarem, não há dificuldade em perceber logo por que são elas as escolhidas para serem contadas. As questões mais relevantes do livro como um todo estão em cada uma delas: o exílio, a liberdade, o amor, a memória e a destruição dela, a afeganidade.

[29/11/2021 07:00:00]