Sindicatos das editoras e dos trabalhadores estão em impasse na convenção coletiva
PublishNews, Redação, 07/10/2021
Trabalhadores pediram reajuste salarial de 13,36%; sindicato patronal ofereceu 4%. ‘A bola está com o sindicato patronal’, dizem os trabalhadores.

Os sindicatos das Editoras de Livros (SNEL) e dos Trabalhadores em Empresas de Editoras de Livros (SEEL) estão em um impasse na convenção coletiva de trabalho 2021-2022.

De acordo com os trabalhadores, já foram realizadas três rodadas de negociações. A última delas, na última terça-feira (05), mas as partes não chegaram a um acordo.

A proposta inicial era de reajuste salarial e na participação nos lucros e resultados (PLR) de 13,36% e piso salarial de R$ 1,6 mil. Além disso, o sindicato dos trabalhadores pediam vale-refeição (VR) de R$ 30 ao dia e vale-alimentação de R$ 250 e reembolso creche.

O sindicato patronal considerou o pedido além da capacidade das editoras, que ainda sentem o peso da pandemia no seu faturamento.

Na segunda rodada de negociações, o SNEL propôs reajuste de 4% dividido em duas parcelas (2% em outubro e 2% em janeiro); abono salarial de 40% e 8% sobre o VR.

Os trabalhadores contra-argumentaram apresentando dados do Painel do Varejo de Livros, publicado mensalmente pelo SNEL em parceria com a Nielsen. De acordo com o último Painel, a venda de livros em livrarias, supermercados e lojas de autoatendimento monitorados pela Nielsen apresenta crescimento acumulado de 34,8% em comparação com 2020.

“Todo mundo já perdeu os 10,42% de inflação apurada em setembro, que corroeu os salários nos últimos 12 meses. Bom lembrar que a perda dos 2,94% da inflação de 2020 [quando não houve reposição salarial] nos prejudicou muito. Não dá para esquecer, nem acumular mais prejuízos enquanto o setor desfila seus números positivos de retomada próxima dos 40%”, apontou o sindicato dos trabalhadores em boletim enviado aos sindicalizados.

“Nós achamos que não dá. Amargamos a falta da reposição de 2020, índice zerado diante daquele 2,94%. E agora querem nos sangrar ao deixar de repor quase dois terços dos 10,42% acumulados. Nosso dinheiro não pode ter menos valor que o dinheiro das empresas, se a retomada é verdadeira, nós temos direito a exigir nossa parte”, completou.

Marcos da Veiga Pereira, presidente do SNEL, conversou com o PN na tarde desta quarta-feira (06). Ele ponderou que o que for decidido na convenção coletiva deverá ter repercussão em todas as editoras, inclusive nas de livros didáticos, que emprega maior parte da mão-de-obra do setor e é responsável pela metade do faturamento do setor.

O editor alertou que o desempenho desse segmento em específico não é traduzido pelo Painel. Segundo ele disse ao PN, o setor educacional tem amargado perdas consideráveis que só serão traduzidas em números quando publicada a edição de 2022 da Pesquisa Produção e Vendas (PeV), que terá como ano-base 2021. O estudo anual só será produzido no primeiro semestre do ano que vem.

Pela PeV ano-base 2020, o subsetor de Didáticos apresentou queda real de 11%, fechando o ano passado com faturamento de R$ 2,64 bilhões.

Diante do impasse, o sindicato dos trabalhadores apresentou nova proposta, com reajuste salarial de 7% do INPC; abono de 50% em duas parcelas; reajuste de 7% sobre PLR e aumento de 10,42% sobre o piso salarial e dos valores de vale-alimentação e ainda 8% sobre os valores do VR.

As negociações pararam aí. “A bola está com o sindicato patronal”, declarou o sindicato.

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[07/10/2021 10:00:00]