Apanhadão: Companhia das Letras recolhe livro infantil após críticas
PublishNews, Redação, 13/09/2021
E mais: Pascoal Soto inaugura agência literária, Marvel rompe com ilustrador brasileiro após sua obra pró-Bolsonaro ressurgir; Gato sem Rabo supera expectativas e fala sobre novos projetos

Nesse final de semana, a Companhia das Letras virou notícia depois que decidiu recolher livro com crianças brincando em navio negreiro. Segundo matéria do UOL, a cientista social J.S. ficou indignada quando escolheu o livro infantil Abecê da Liberdade: A história de Luiz Gama para presentear o filho de uma amiga. Na obra sobre a infância do escritor e advogado Luiz Gama (1830-1882), figura histórica da luta abolicionista no país, leu cenas em que crianças negras no porão de um navio negreiro pulavam corda com correntes e achavam graça em brincar de escravos de Jó enquanto navegavam rumo à escravidão. Lançado originalmente em 2015 pelo selo Alfaguara da Editora Objetiva, o livro foi automaticamente incorporado ao catálogo da Companhia das Letrinhas quando a editora Objetiva foi adquirida pelo grupo. Uma segunda edição foi publicada em 2020, sem alterações, e vendeu cerca de duas mil cópias em todo o Brasil. A publicação é escrita por José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, com ilustrações de Edu Oliveira. Em nota enviada à imprensa, a Companhia se retratou aos leitores: "Lamentamos profundamente que esse ou qualquer conteúdo publicado pela editora tenha causado dor ou constrangimento a algum de nossos leitores ou leitoras". Segundo Isabela Santiago, da Divisão Infantil de Marketing da editora, agora os exemplares em consignação nas livrarias e distribuidoras de todo o país estão sendo recolhidos e a atual edição está em processo de avaliação e revisão pela editora. “Reconhecemos nosso erro e pedimos, mais uma vez, desculpas aos leitores. Estamos dispostos e abertos para aprender com esse processo, para dele sairmos, todos nós, muito melhores”, diz ainda o comunicado. O fato também foi notícia no Estadão, Globo e Folha.

No Valor, a notícia de que após 35 anos de mercado, Pascoal Soto deixa sua bem-sucedida carreira de editor para se tornar agente literário. Ele lança neste mês a P.S. Agenciamento, a mais nova empresa para cuidar da carreira de quem publica ou quer publicar livros no Brasil. A sigla vem de dois trocadilhos - as iniciais de seu nome e da conhecida P.S. (Post Scriptum), acrescentada no rodapé das mensagens, após a assinatura do autor - e quase sempre é a coisa mais importante a ser dita. A lista dos agenciados inclui Adriana Falcão e sua filha, a atriz, compositora e cantora Clarice Falcão, e famosos já publicados, como Maria Valéria Rezende, Washington Olivetto, Lázaro Ramos, Nelson Motta, Jessé de Souza e Pedro Bial. Por sugestão de Lázaro Ramos, Soto foi atrás do influencer Ad Junior, autor do projeto O que é racismo estrutural.

A coluna Painel da Letras contou que a livraria paulistana Gato sem Rabo, que abriu em maio priorizando a autoria feminina nas estantes, tem superado as melhores expectativas de público e caixa projetadas por uma de suas donas. O próximo passo, segundo Johanna Stein, é levar o site da loja ao ar ainda neste ano, o que compara a “abrir uma segunda livraria”. No futuro, há a ideia de que o projeto se desdobre numa editora.

A Folha repercutiu a notícia de que a Marvel decidiu romper com o ilustrador brasileiro após obra sua pró-Bolsonaro ressurgir. Ilustração de 2017 mostra cavaleiro com armadura reluzente esmagando figuras políticas como Lula e Dilma. A Marvel Comics anunciou que não trabalhará mais com o quadrinista Joe Bennett, conhecido por suas ilustrações nas HQs do O imortal Hulk. A informação foi confirmada ao portal Newsarama, especializado em quadrinhos, por um porta-voz da empresa. Joe Bennett é o pseudônimo do desenhista brasileiro Benedito José Nascimento, que trabalha para a editora desde 1994. Embora a Marvel não tenha informado o motivo do desligamento, a decisão foi anunciada logo após um parceiro de Bennett em O imortal Hulk, o roteirista Al Ewing, ter afirmado no Twitter que não trabalharia mais com ele. O motivo da ruptura, segundo Ewing, foi uma imagem desenhada por Bennett em 2017 que voltou a circular agora. O fato também foi notícia no Portal G1, Omelete, Globo, Rolling Stone, Terra e Metrópoles

Além disso, a coluna também lembrou que o educador Paulo Freire completaria cem anos no domingo que vem, dia 19. Para celebrar a data, a editora Paz e Terra – que publica o autor – prepara uma boa leva de lançamentos neste mês, mas guardou um inédito precioso que deve ser publicado mais para o final do ano. O livro Meus registros de educador reunirá fichas e anotações esparsas feitas por Freire, que tinha o costume de escrever pensamentos em qualquer superfície à mão.

E no prelo das editoras: Os contos morais, de J.M. Coetzee saem por aqui em outubro pela Companhia das Letras. E a Arquipélago publica no ano que vem um livro de Nicole Perlroth, repórter The New York Times, sobre a chance de uma guerra global por armas cibernéticas ameaçar a privacidade de dados no mundo.

Já a coluna da Babel noticiou que o livro Longe das aldeias, romance de Robertson Frizero que foi finalista do Prêmio São Paulo e Livro do Ano no Prêmio AGES, será publicado em persa. É a primeira obra da Dublinense que vai ganhar tradução para o idioma. No ano passado, o romance foi publicado em árabe, pela Takween – e foi essa edição que chamou, agora, a atenção da Kazeh Publishing House. Longe das aldeias chega às livrarias iranianas em 2022, quando também será relançado aqui.

A coluna falou também sobre o livro infantil A vaca foi pro brejo. Com com ilustrações de Daniel Kondo e texto da arquiteta Adriana Fernandes, obra que brinca com expressões populares brasileiras que envolvem animai sai pela VR ainda este mês.

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[13/09/2021 10:00:00]