Em 2021, Flip acontecerá virtualmente e terá curadoria e homenagem coletivas
PublishNews, Redação, 05/08/2021
Inspirada nas plantas e nas florestas, a programação apresenta perspectivas que valorizam a vida em suas diferentes formas. A 19ª edição da Festa acontece de 27/11 a 05/12.

Flip 2019 | © Divulgação
Flip 2019 | © Divulgação
Marcada para acontecer de 27 de novembro a 05 de dezembro, a 19ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) será mais uma vez em formato virtual. A novidade, no entanto, é que pela primeira vez a Festa optou por trabalhar com um coletivo curatorial convidado e fazer uma homenagem coletiva. As duas escolhas refletem o conceito de toda a 19ª edição do evento, que está expresso no texto Nhe’éry, Plantas e Literatura, que pode ser lido na íntegra clicando aqui e quer dizer “onde as almas se banham”. A frase é também como o povo Guarani chama a Mata Atlântica.

“Este ano a Flip volta seu olhar para a necessidade de se rever a dissociação entre humanidade e natureza. É um conceito que busca refletir sobre as questões mais urgentes do contemporâneo, sem ser um delineamento temático rígido. A intenção é se nutrir das florestas, que são sistemas abertos, colaborativos”, explica Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip.

Para fazer parte do primeiro coletivo curatorial do evento, foram escalados o antropólogo Hermano Vianna – que coordenará o time –; Anna Dantas, coordenadora da Escola Viva Huni Kuin; Evando Nascimento, escritor e filósofo, pioneiro na reflexão sobre literatura e plantas no Brasil; João Paulo Lima Barreto, doutor em antropologia social e fundador do Centro de Medicina Indígena em Manaus; e Pedro Meira Monteiro, professor da Princeton University e um dos organizadores da oficina Poéticas Amazônicas. Segundo explica Vianna, o coletivo buscará “dialogar com o máximo de vozes possíveis que estejam olhando para as questões da contemporaneidade e a superação de suas crises”.

Já a homenagem coletiva é voltada para todo(a)s o(a)s pensadore(a)s, conhecedore(a)s e mestre(a)s indígenas que tiveram suas vidas interrompidas pela covid-19. Por meio de nomes como Higino Tenório, escritor, benzedor, especialista em arte rupestre, professor e fundador da primeira escola indígena do povo Tuyuka; Feliciano Lana, artista plástico e escritor do povo Desana, conhecido internacionalmente; Maria de Lurdes, guardiã das plantas de cura do povo Mura; Meriná, mestra de rituais de cura e benzimentos do povo Macuxi; e Domingos Venite, Guarani, líder da maior terra indígena do estado do Rio de Janeiro, militante de novas políticas de saúde indígena, a Flip também homenageia todas as vítimas da pandemia, entre elas gente de outras sabedorias e narrativas como Nelson Sargento, Aldir Blanc e Zé de Paizinho, mestre do samba de aboio sergipano, ou a poeta Olga Savary, o poeta Vicente Cecim e o ficcionista Sérgio Sant’Anna.

Em resumo, a 19ª Flip será em defesa da arte, da vegetação que protege o planeta e, sobretudo, da vida em suas múltiplas configurações. Estimando uma queda significativa de receita, uma das mais importantes festas literárias do país ainda busca por apoios para realizar um evento que mesmo de maneira virtual, consiga se aproximar do público. A programação completa será divulgada em breve.

Tags: Flip 2021
[05/08/2021 09:30:00]