Apanhadão: Privatização dos Correios - mais uma ameaça para o mercado editorial
PublishNews, Redação, 12/07/2021
E mais: a combinação de fatores que faz um livro se tornar best-seller; o protagonismo feminino no mercado editorial; Museu da Língua Portuguesa será reinaugurado no dia 31; o prelo das editoras

A privatização dos Correios pode ser pior para o mercado editorial que taxação de livros. A constatação foi publicada no Estadão na última quinta. Em meio aos diversos problemas que o setor enfrenta, como o cancelamento de eventos literários, fechamento de comércio impostos pela pandemia e concorrência com gigantes do marketplace, agora os editores devem lidar com o risco de aumento do valor do frete por conta da possível privatização a ser votada na Câmara nos próximos dias. A Frente Parlamentar Mista em Defesa do Livro, da Leitura e da Escrita, criada em 2019 com 220 assinaturas entre senadores e deputados de diferentes partidos, prepara uma nota de repúdio sobre a questão e deve se reunir com representantes do mercado editorial nessa semana. A modalidade de registro módico dos Correios, hoje, dá cerca de 50% de desconto no envio de livros e materiais didáticos ao cobrar por peso em vez de distância. Com a privatização, o subsídio deve acabar, o que pode encarecer o frete e atrasar entregas para o consumidor. De acordo com a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), presidente do grupo em Defesa do Livro, isso significaria a inviabilização de diversas pequenas empresas.

O Valor publicou uma matéria sobre a combinação de fatores que faz um livro se tornar um best-seller. Fenômenos como Itamar Vieira Junior e Djamila Ribeiro capturam o ‘zeitgeist’ e furam bolha literária com uso das redes sociais. Segundo o texto, uma combinação de fatores vem catapultando as vendas de livros como Torto arado, de Itamar e Pequeno manual antirracista, de Djamila. Além da qualidade das obras, há uma conjunção de duas forças: de um lado, um boca a boca virtual nas redes sociais intensificado pela quarentena prolongada. Do outro, dois acontecimentos que fomentaram a busca por livros que tratam, direta ou indiretamente, de questões raciais, de ancestralidade negra e minorias.

O jornal também focou no protagonismo feminino no mercado editorial. A disseminação de ideias feministas, aposta em mercados segmentados e conscientização coletiva estimulam surgimento de editoras e livrarias especializadas. São exemplos a jornalista e editora Simone Paulino, fundadora da Nós; Carol Magalhães, da Quintal Edições; Sarah Rebecca Kersley, responsável pela Livraria Boto-Cor-de-Rosa e pelo selo Paralelo 13S; Johanna Stein, da livraria gato sem rabo; Nanni Rios, da livraria Baleia; Rosa Amanda Strausz, da Ventania Editorial; Ana Rocha e CIça Pinheiro, da Dois Pontos; Elisa Ventura, da Blooks e Fernanda Diamant, nome por trás da livraria Megafauna e editora Fósforo.

O jornal A Tarde avaliou que o fechamento de grandes livrarias mostra mudanças no setor. A pandemia pode ter acelerado o processo, mas o encerramento das atividades de grandes redes já era esperado por figuras do mercado literário.

Fechado desde o incêndio de 2015, o Museu da Língua Portuguesa será reinaugurado no dia 31 com a exposição Língua Solta. Segundo o Valor, são mais de 180 obras, como o manto “Eu Preciso de Palavras Escritas”, de Arthur Bispo do Rosário. “A ideia é pensar a palavra - brasileira, angolana, portuguesa - a partir de uma não hierarquização”, disse ao jornal a curadora Fabiana Mor.

Renata Pallottini, poeta, dramaturga, contista, romancista, tradutora e ensaísta, faleceu na última quinta, aos 90 anos. O Estadão informou que ela lutava contra um mieloma e estava internada desde a quinta passada (1º). Renata se formou em Direito, em 1951, e em Filosofia, em 1953. Em 1951, começou a trabalhar como revisora na Tipografia Pallottini, de sua família. Em 1952, produziu, lá, Acalanto, seu primeiro livro de poemas.

A coluna Painel das Letras deu destaque para a plataforma de newsletters pagas Substack, que tem se movimentado para entrar no mundo das histórias em quadrinhos. Ela já é palco de nomes como Roxane Gay, Andrew Sullivan, Glenn Greenwald, Maggir Stiefvater e no mês passado, contratou o quadrinista Nick Spencer, que já trabalhou para DC e Marvel, para capitanear sua entrada no mundo das HQs.

No prelo das editoras, a coluna adiantou que a americana Kristen Arnett chega ao Brasil em 2022. É que a HarperCollins comprou os direitos de seus dois romances, Mostly dead things e With teeth. A Paralelo13S, da livraria Boto-Cor-de-Rosa, prepara para o primeiro semestre do ano que vem a obra Black on both sides, de C. Riley Snorton. E a Todavia também publicará no próximo ao, o novo livro de Mary Beard. Em Doze Césares, a autora investiga como as representações do poder na arte foram influenciadas pela imagem de líderes romanos.

Na coluna da Babel, mais prelo. The wooden robot and the log princess, primeiro livro infantil do quadrinista e ilustrador escocês Tom Gauld, sai no primeiro semestre, pela VR. A Todavia lança, também no ano que vem, Rasl, sequência (vencedora do Eisner) da série Bone, do quadrinista Jeff Smith. E a Editora 34 publica este mês a coletânea By heart e outras peças, que apresenta obras do dramaturgo português Tiago Rodrigues.

Em sua coluna quinzenal para o Valor, Tatiana Salem Levy fala sobre as obras de Édouard Louis e Marieke Lucas Rijneveld que explodem com força poética ao retratarem brutalidade social.

A Folha informou que Tarantino dirá mesmo adeus ao cinema depois do próximo filme para se tornar escritor. O cineasta acaba de lançar a romantização de Era uma vez em Hollywood (Intrínseca) e reitera que só terá dez títulos na filmografia. O livro do cineasta também foi notícia no Estadão.

Ancelmo Gois adiantou que o centenário de Proust será comemorado por editora com livro de Roberto Machado, o filósofo que nos deixou em maio.

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[12/07/2021 09:00:00]