Pandemia acelera a fuga de livros didáticos das livrarias, aponta a GfK
PublishNews, Leonardo Neto, 27/04/2021
De janeiro a março, categoria perdeu quatro pontos percentuais em relação a 2020, mas essa queda já vinha sendo registrada desde 2018 e foi acelerada pela pandemia

Entre os dias 08 de março e 04 de abril, o relatório da GfK apontou a venda de 4,1 milhões de unidades, crescimento de 37% em relação ao março de 2020, quando o varejo apresentou queda importante por conta do início da pandemia. | © Leonardo Neto
Entre os dias 08 de março e 04 de abril, o relatório da GfK apontou a venda de 4,1 milhões de unidades, crescimento de 37% em relação ao março de 2020, quando o varejo apresentou queda importante por conta do início da pandemia. | © Leonardo Neto
O volta às aulas foi a coluna vertebral de muitas livrarias no Brasil. As vendas realizadas nesse período, até anos passados, sustentavam muitas livrarias em pé ao longo de todo o ano. Isso, no entanto, veio perdendo força ao longo dos anos, ao mesmo tempo em que as editoras desse tipo de livros aprenderam o caminho direto até a escola, garantindo margens maiores nas suas vendas.

Com o pedido de recuperação judicial da Cultura e da Saraiva, no fim de 2018, esse movimento se intensificou. Uma prova disso é o relatório realizado pela GfK e pela Associação Nacional de Livrarias (ANL) desde 2018. No primeiríssimo relatório, Bernardo Gurbanov, presidente da entidade, comemorava o crescimento de 10% em relação ao ano anterior: “Muitas editoras descontinuaram os canais de vendas diretas de livros didáticos em 2017 e essas vendas caíram nas livrarias. É um fenômeno que precisa ser mais bem-analisado, mas nos parece ser uma boa notícia”.

Poucos meses depois veio o calote das duas grandes redes e, o primeiro relatório de 2019 apontava um “volta às aulas fraco”. A categoria de livros didáticos apresentava queda de 39% em relação ao ano anterior.

E essa tendência de queda se manteve. No ranking de importância de cada uma das categorias, os livros educacionais ocupavam o quinto lugar em 2019, caiu para o sexto em 2020 e, no volta às aulas de 2021, quando se completou o primeiro ano pandêmico, a categoria ocupa a nona posição, apresentando queda de 14% em relação ao ano passado. Olhando para os três primeiros meses de 2020, essa categoria respondia por 16,7% do faturamento com a venda de produtos com ISBN nos estabelecimentos monitorados. Pegando o mesmo período, só que de 2021, a categoria responde por 12,7%.

Por outro lado, o relatório recém-divulgado pelo instituto de pesquisa e pela entidade dos livreiros aponta crescimentos importantes das categorias Ficção Infantojuvenil e Literatura estrangeira.

Vendas gerais

Entre os dias 08 de março e 04 de abril, o relatório da GfK apontou a venda de 4,1 milhões de unidades, crescimento de 37% em relação ao março de 2020, quando o varejo apresentou queda importante por conta do início da pandemia.

Nesse mesmo período, em 2021, as livrarias, supermercados e lojas de autoatendimento monitorados pelo instituto de pesquisa registraram faturamento de R$ 171 milhões, crescimento de 22% em relação aos R$ 140 milhões apurados em 2020.

No acumulado do ano, o varejo de livros registrou crescimento de 22% em volume e de 13% em valor, perfazendo 14,5 milhões de unidades vendidas e faturamento de R$ 664 milhões. O relatório aponta que “a pandemia e o fechamento das livrarias físicas resultaram em queda significativa no mercado nos primeiros meses da pandemia, mas essa tendência foi revertida ao longo do segundo semestre de 2020 e primeiro trimestre de 2021, com crescimento de outros canais”.

A GfK mantém em sigilo os estabelecimentos que monitora e também não faz distinção, na sua metodologia, do que foi vendido em livrarias físicas ou em e-commerces. No entanto, a partir de conversas com o próprio mercado é correto afirmar que a pandemia deu mais musculatura às lojas virtuais enquanto as lojas de tijolo e argamassa vem sofrendo com a queda nas vendas.

Clique aqui para baixar a íntegra do relatório.

[27/04/2021 10:00:00]