Todavia publica 'O jardim dos Finzi-Contini', clássico de Giorgio Bassani
PublishNews, Redação, 12/04/2021
História se passa num enorme jardim na cidade italiana de Ferrara que parece proteger os personagens do mundo exterior, até eles serem restituídos para os destinos traçados pela Europa de Hitler e Mussolini

Os Finzi-Contini são judeus de modos aristocráticos, aparentemente assimilados à sociedade italiana. Moram num palacete cercado de jardins opulentos e com uma quadra de tênis que já viveu dias melhores. O patriarca, o professor Ermanno, vive ali com a esposa, dona Olga, e os filhos recém-chegados à universidade: Alberto, um jovem de saúde frágil, e Micòl, uma garota cheia de humor e inteligência. No fim dos anos 1930, à medida que as leis raciais endurecem, a família se isola no casarão, e passam a frequentá-lo alguns jovens expulsos do clube da cidade, que se encontram para jogar tênis. Entre eles, o narrador do livro, um estudante de letras judeu cujo nome o leitor desconhece, e o comunista Giampiero Malnate, colega de universidade de Alberto e químico numa fábrica local. É nesse microcosmo que toma forma a paixão do narrador por Micòl. Ela é ambígua, sensual, misteriosa: parece corresponder às investidas do jovem, mas deixa sempre uma incerteza no ar. São igualmente complexas a relação de Micòl com Malnate, sujeito atraente mas não judeu, e a com o irmão, cúmplice de sua solidão aristocrática. Enquanto o relacionamento entre esses jovens se adensa, a perseguição à comunidade judaica de Ferrara avança. O jardim dos Finzi-Contini (Todavia, 280 pp, R$ 69,90 - Trad.: Maurício Santana Dias), publicada em 1962 por Giorgio Bassani, mergulha nesse universo cheio de nuances, em que os afetos parecem protegidos do mundo exterior por um grande jardim — até serem inapelavelmente restituídos à sua dimensão secundária no xadrez dos destinos traçados pela Europa de Hitler e Mussolini.

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[12/04/2021 07:00:00]