Amazon arrocha editoras e pede mais descontos na compra de livros
PublishNews, Redação, 16/03/2021
Varejista pede de 55% a 58% de desconto mais taxa de 5% de marketing para editores

Centro de distribuição da Amazon em janeiro de 2019 | © Julio Vilela / Divulgação
Centro de distribuição da Amazon em janeiro de 2019 | © Julio Vilela / Divulgação
A Amazon disparou, para alguns dos seus fornecedores, uma carta em que propõe um novo acordo para descontos sobre o preço de capa de livros. Para as editoras que vinham praticando descontos inferiores a 55%, a varejista propôs desconto que variam de 55% a 58% mais 5% de “plano de marketing”.

O documento ao qual o PN teve acesso começa parabenizando o fornecedor “pelos números alcançados em 2020” e que isso foi “fruto da nossa parceria construída ao longo do ano passado e também do alto nível de investimento que constantemente destinamos para melhorar a experiência de nossos clientes”.

A Amazon, então, lista que inaugurou quatro novos centros de distribuição, que permitem entregas em até dois dias em 600 cidades do país, e as diversas campanhas que encabeçou ao longo do ano pandêmico.

A partir daí, a empresa fundada por Jeff Bezos pede que os editores aceitem o acordo explicando as vantagens oferecidas em troca dos 5% adicionais, como recomendação de cross-selling, programa de associados, links patrocinados, além de ferramentas de personalização e serviços como compra com um clique e frete grátis para membros Prime.

Em 2015, grandes editoras dos EUA se rebelaram contra o arrocho por descontos praticado pela Amazon. A HarperCollins, por exemplo, chegou a ameaçar retirar todos os seus livros da varejista. No ano anterior, a briga tinha sido com a Hachette pelo preço dos e-books. Arnaud Nourry, diretor presidente da editora francesa, disse em entrevista que a luta tinha valido a pena. "Sinto muito que essa decisão tenha virado um conflito, mas estou muito contente que tenhamos saído bem dessa. Mas, se fosse para fazer de novo, eu faria", disse. Nos dois casos, as editoras e a varejista entraram em acordo na época.

Por aqui, o grupo Juntos pelo Livro, que reúne mais de 120 editoras, prepara um documento conjunto para servir de resposta do setor à Amazon.

O PublishNews procurou o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e a Câmara Brasileira do Livro (CBL), mas nenhuma das entidades se pronunciou oficialmente até o fechamento desta edição. A Liga Brasileira de Editores (Libre) diz que vai apoiar a carta do grupo Juntos pelo Livro.

Na quinta-feira (18), a Amazon enviou um posicionamento à redação do PublishNews. Em nota, a varejista disse: "Na Amazon, acreditamos que autores, editores e livreiros trabalham juntos para conectar os leitores aos livros. Nós não comentamos acordos específicos com nossos parceiros comerciais".

* Matéria atualizada às 14h25 do dia 16/03/2021

** Matéria atualizada às 16h37 do dia 18/03/2021 para incluir o posicionamento da Amazon

Tags: Amazon
[16/03/2021 11:00:00]