As memórias de Luiz Schwarcz
PublishNews, Redação, 24/02/2021
CEO da Companhia das Letras apresenta na obra, um relato sensível sobre família, culpa e depressão

Escritor, editor, co-fundador e CEO da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz já deixou seu nome na história do mercado editorial brasileiro e mundial – em 2017 recebeu o International Excellence Awards da Feira do Livro de Londres – mas por trás de uma carreira de sucesso, carrega consigo a história de uma família que abandonou tudo para fugir ao terror nazista. O pai, húngaro, conseguiu escapar, sozinho, de um trem a caminho do campo de extermínio, deixando Láios, seu pai, no vagão que acabou por levá-lo à morte. A mãe, croata, teve de decorar aos três anos um novo nome, falso, para embarcar com a família num périplo que os levou primeiro à Itália e depois ao outro lado do Atlântico. Os dois, André e Mirta, se encontraram no Brasil, com as lembranças dolorosas do passado trágico a pesarem sobre a nova vida. Filho único, Luiz, ainda jovem, entendeu ser responsável por expurgar as culpas que André carregava por não ter podido evitar o fim extremo do próprio pai – avô do autor –, e se via como o elo a manter estável o casamento de André e Mirta, união cheia de silêncio, dor e incompatibilidade. Ao recuperar com franqueza estas memórias, Schwarcz constrói em O ar que me falta (Companhia das Letras, 200 pp, R$ 59,90) um sensível e detalhado relato de como a depressão e os traumas, próprios e de terceiros, podem tirar o fôlego de qualquer um e permanecer latentes em existências por fora marcadas pela aparência do sucesso.

[24/02/2021 07:00:00]