Frankfurt: Escritora defende que a diversidade pode ser comercialmente viável
PublishNews, Leonardo Neto, 15/10/2020
Bernardine Evaristo abriu, nesta quarta-feira, a programação da Frankfurt Conference, programação da Feira do Livro de Frankfurt pensada especificamente para os editores

Bernardine Evaristo abriu a programação da Frankfurt Conference nesta quarta-feira | Reprodução
Bernardine Evaristo abriu a programação da Frankfurt Conference nesta quarta-feira | Reprodução
Quem abriu a programação da Frankfurt Conference da última quarta-feira (14) foi a escritora Bernardine Evaristo, convidada também para abrir a Flip 2020 e vencedora do Booker Prize do ano passado. Ela estava ali para ajudar editores de todo o mundo a repensar a diversidade no seu métier.

E ela foi direta ao recomendar que eles alterem radicalmente a demografia de seus funcionários e publiquem uma variedade saudável, inclusiva e diversa de bons livros escritos por escritores diversos e pensados para leitores igualmente diversos.

Bernardine enfatizou o caráter econômico desse argumento. “Não se trata de diversidade como caridade ou filantropia”, disse. “Quando meu romance sobre a feminilidade britânica negra [Garota, mulher, outras, aqui recém-publicado pela Companhia das Letras] pôde alcançar os mercados de massa – incialmente influenciados pelo Booker Prize, mas posteriormente por meio do boca a boca – provou-se que todos os tipos de literatura e vozes podem ser comercialmente viáveis”, disse. “Precisamos de todo tipo de escritor escrevendo todo tipo de livros, em todos os gêneros”, reafirmou.

A escritora, no entanto, apontou que os “tempos estão mudando”. E relembrou a morte de George Floyd. Foi a partir desta tragédia que o mundo abriu os olhos para a violência policial contra negros e isso acabou impactando o mundo dos negócios, inclusive a indústria editorial. “Os editores sabem que há um problema”, pontuou dizendo que eles, finalmente, acordaram para a questão. “É a primeira vez que vejo editores literalmente dizendo: ‘Meu Deus, nossa força de trabalho é 95% branca e temos uma porcentagem muito pequena de livros de escritores de cor! Precisamos fazer algo’”, concluiu.

[15/10/2020 09:50:00]