Publicidade
Publicidade
A livraria de bairro e a covid-19
PublishNews, Gustavo Martins de Almeida, 06/10/2020
Em sua coluna, Gustavo Martins fala sobre a importância das livrarias de bairro

Mais do que nunca, no séc. XXI os movimentos dos grupos sociais passam a ser mais rápidos: é a aceleração vertiginosa do tempo histórico. Os modismos surgem e desaparecem rapidamente: cupcakes, livros de colorir, lives. O home office aumentou o número de empresas de entrega e esvaziou restaurantes, abarrotou os correios com encomendas - inclusive de livros.

Mas, aos poucos, as livrarias do bairro vão desabrochando, aqui e ali. Como atrair um público específico? Marcus Gasparian, da Livraria Argumento, entrega pessoalmente os livros que vende. Martha Ribas e Rui Campos (Janela e Travessa) adoraram a ideia que dei (copiada da Bertrand de Lisboa) de carimbar no frontispício do exemplar, se o cliente quiser, “Este livro foi comprado na Livraria...”.

Passeando em Paris uma fachada me chama a atenção. Chegando mais perto, o cartaz anuncia “Para manter as características comerciais culturais do bairro e por determinação da Prefeitura essa loja está destinada a locação com a finalidade de estabelecimento de uma livraria” (tradução livre do teor).

Livrarias Cultura e Saraiva, lamentavelmente, em recuperação judicial com grave risco de falência. O estoque não pode ficar parado e cria um impasse, pois sem vendas não há faturamento.

Já se discutiu no Brasil a determinação de preço mínimo para os livros - preço que vigoraria por um ano para evitar concorrência predatória de descontos abusivos.

Mas volto à livraria do bairro. O ponto de encontro, de conversa, o prazer de olhar novidades, de descobrir a obra que faltava para fechar o conceito de um trabalho ou para arrematar o raciocínio ousado, que demandava argumento original.

A lei de direito autoral fala basicamente da relação autor-editora. Praticamente nada fala da ponta do comércio, que, no século XX, no Brasil, se limitava a livrarias esparsas, focadas no faro aguçado de seus donos. Hoje as livrarias formam relevantíssima barragem, que acumula oceano de informações dos clientes (faca de dois gumes pela vigência da LGPD) tem poder de fogo para negociar descontos e diversificar seu comércio.

Mais tempo em casa, mais tempo para leitura. Se não dá para concorrer com as séries de televisão, as editoras podem aproveitar o embalo e publicar livros temáticos correlatos.

A ideia de se instalar estante de livros no programa Big Brother, e estabelecer prêmios com base em respostas a gincanas literárias fica para depois da aplicação da vacina.

Quem sabe um carioca descobre a cura e pinga a fórmula no Rio Guandu e demais rios da cidade para imunizar a população.

Até lá, folheio meu livro na estante, tomo um café e vou suportando a Covid, que ao menos permite maior interação familiar.

Gustavo Martins de Almeida é carioca, advogado e professor. Tem mestrado em Direito pela UGF. Atua na área cível e de direito autoral. É também advogado do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e conselheiro do MAM-RIO. Em sua coluna, Gustavo Martins de Almeida aborda os reflexos jurídicos das novas formas e hábitos de transmissão de informações e de conhecimento. De forma coloquial, pretende esclarecer o mercado editorial acerca dos direitos que o afetam e expor a repercussão decorrente das sucessivas e relevantes inovações tecnológicas e de comportamento. Seu e-mail é gmapublish@gmail.com.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

Publicidade

A Alta Novel é um selo novo que transita entre vários segmentos e busca unir diferentes gêneros com publicações que inspirem leitores de diferentes idades, mostrando um compromisso com qualidade e diversidade. Conheça nossos livros clicando aqui!

Leia também
O já velho 'copia e cola' evoluiu, tecnicamente, para o Frankenstein harmonizado
O direito de autor de obra literária de conservá-la inédita é absoluto? Esse direito passa para seus herdeiros com a sua morte?
Em novo artigo, Gustavo Martins de Almeida aborda o projeto de lei que visa regular o uso da inteligência artificial e discute a polêmica por trás da pergunta
Lei de Acesso à Informação ainda não foi estudada sob o novo ângulo dos usos da inteligência artificial, de recriação e abertura de arquivos, comportando enorme potencial de debate e repercussão no segmento de informação
Em novo artigo, Gustavo Martins fala sobre o potencial das interações culturais com mobiliário urbano e como isso poderia ser melhor aproveitado no Brasil
Publicidade

Mais de 13 mil pessoas recebem todos os dias a newsletter do PublishNews em suas caixas postais. Desta forma, elas estão sempre atualizadas com as últimas notícias do mercado editorial. Disparamos o informativo sempre antes do meio-dia e, graças ao nosso trabalho de edição e curadoria, você não precisa mais do que 10 minutos para ficar por dentro das novidades. E o melhor: É gratuito! Não perca tempo, clique aqui e assine agora mesmo a newsletter do PublishNews.

Outras colunas
Escrito por Ligia Nascimento Seixas, em 'Pedro e a busca pela sua história', o personagem embarca em uma jornada inesperada para desvendar os segredos da sua própria vida, numa emocionante aventura literária
'Contra-coroa II' mergulha na trama de uma família real; obra foi escrita pela autora Amanda Grílli, que se destaca no cenário nacional independente trazendo uma mensagem de representatividade
Seção publieditorial do PublishNews traz obras lançadas pelas autoras Amanda Grílli e Ligia Nascimento Seixas
Em novo artigo, Paulo Tedesco fala sobre a importância da regulação da comunicação digital e ações para frear a mentira e a violência digital e informativa
Neste episódio nossa equipe conversou com Rita Palmeira e Flávia Santos, responsáveis pela curadoria e coordenadoria de vendas da livraria do centro de São Paulo que irá se expandir em breve com nova loja no Cultura Artística
Acho importante questionar. E nada melhor do que a ficção para o fazer. É da ficção que nasce toda a nossa realidade.
Afonso Cruz
Escritor português
Publicidade

Você está buscando um emprego no mercado editorial? O PublishNews oferece um banco de vagas abertas em diversas empresas da cadeia do livro. E se você quiser anunciar uma vaga em sua empresa, entre em contato.

Procurar

Precisando de um capista, de um diagramador ou de uma gráfica? Ou de um conversor de e-books? Seja o que for, você poderá encontrar no nosso Guia de Fornecedores. E para anunciar sua empresa, entre em contato.

Procurar

O PublishNews nasceu como uma newsletter. E esta continua sendo nossa principal ferramenta de comunicação. Quer receber diariamente todas as notícias do mundo do livro resumidas em um parágrafo?

Assinar