Apanhadão: DW Brasil demite J.P. Cuenca depois de tuíte polêmico
PublishNews, Redação, 22/06/2020
E mais: Painel das Letras tem novo titular e projeto 'Sacadas Literárias', de Leonardo Tonus, é destaque no Estadão

O site alemão Deutsche Welle demitiu o escritor João Paulo Cuenca após o mesmo ter feito um tuíte satírico. Marcelo Rubens Paiva explicou a história em sua coluna no Estadão. Em 1961, Jean Meslier escreveu: “O homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre” e Cuenca tuitou na última semana: “O brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”. A sátira alimentou um linchamento organizado por internautas de direita, encabeçado por Rodrigo Constantino, e motivou sua demissão do site DW Brasil, página brasileira do site alemão.

A DW explicou que “repudia, naturalmente, qualquer tipo de discurso de ódio e incitação à violência. O direito universal à liberdade de imprensa e de expressão continua sendo defendido, evidentemente, mas ele não se aplica no caso de tais declarações”. Logo depois, JP Cuenca respondeu que “é desconcertante ver um veículo alemão caindo no jogo persecutório de elementos fascistas no Brasil e me perguntar se ele teria feito a mesma coisa em outros momentos da história da Alemanha” e acrescentou: “Não aceito ser e caluniado e difamado, de forma alguma, pela imprensa supostamente livre e democrática que deveria me apoiar contra um linchamento virtual de origem fascista que contou com dezenas de ameaças de morte recebidas via inbox nas últimas 72 horas. O meu tuíte em questão não contém discurso ‘de ódio e incitação à violência’ e qualquer um com o mínimo de leitura é capaz de perceber isso”. O escritor disse ainda que tomará medidas cabíveis pela imputação de “discurso de ódio”.

Desde a semana passada, Maurício Meireles deixou a coluna Painel das Letras para assumir o lugar de Rodrigo Vizeu à frente do podcast Café da Manhã, da Folha. Quem assumiu a coluna literária do jornal foi o repórter da Ilustrada, Walter Porto, que destacou na sua primeira publicação na coluna, o volume inédito de novelas de Tolstói que a Todavia prepara para outubro. Os textos serão traduzidos do russo por Rubens Figueiredo.

Ainda no prelo das editoras, a Editora 34 prepara o livro inédito da canadense Anne Carson, Autobiografia do vermelho e a Veneta vai lançar uma nova edição de Discurso sobre o Colonialismo, do poeta e político Aimé Césaire. A obra deve chegar às livrarias em agosto. Além disso, o selo Penguin Companhia celebrará seus dez anos com um festival on-line que vai trazer nomes como Paulo Henriques Britto, Eduardo Giannetti, Lilia Schwarcz e Caetano Galindo para discutir obras clássicas.

Neste final de semana, Leonardo Tonus, escritor e professor da Sorbonne, conversou com o jornal O Globo sobre seus projetos e o mercado editorial. Durante a quarentena, Tonus colocou em prática o Sacadas literárias, projeto para compartilhar poesia e está se dedicando a dois projetos: um livro com situações de visibilidade ("ou invisibilidade") de refugiados na produção artística e literária brasileira contemporânea e um outro sobre literatura e migrações. Sobre o mercado editorial, ele acredita que “As editoras terão que se reinventar ou desaparecerão”, e acrescentou: “O nosso meio cultural (e literário) terá de se mostrar à altura de sua humanidade e também de sua capacidade em ser solidário”.

Em sua coluna, Mônica Bergamo destacou que Drauzio Varella doou 150 livros de sua autoria para projeto da prefeitura de São Paulo em comunidades vulneráveis.

Também na Folha, o caderno MPME trouxe uma matéria em que a repórter Iara Biderman conversou com consultores de tendências. Segundo fontes ouvidas para a matéria, o consumo pela internet se intensificou de forma irreversível, mas esse crescimento também aumentou o desejo de se reconectar com gente de carne e osso. A consequência disso, segundo Dario Caldas, consultor do Observatório de Sinais, é que a retomada do varejo será com formas híbridas, "consumo on-line associado a ponto de venda físico", como explicou.

O programa Revista CBN fez uma edição especial para falar sobre o cenário da produção literária no Brasil e a formação de escritores no Brasil. Para falar sobre o assunto, o convidado foi Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).

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[22/06/2020 09:00:00]