E lá se vão dez anos desde a primeira coluna que tive o prazer de escrever no PublishNews. E lá se vão dez anos de luta pela democratização do conteúdo multiplataforma. Tenho um orgulho imenso, que não cabe dentro de mim, mas também é uma luta contínua. Eu acabei desenvolvendo certos músculos por conta do esforço repetitivo: o músculo da paciência, o músculo do convencimento, o músculo da empatia, o músculo de pensar no futuro, o músculo do conteúdo de graça, o músculo do mantra que diz "não é porque digital que é automático".
E, logo quando faço dez anos de aniversário de colunista, vem a pandemia do novo coronavírus. Pois bem… notícias do front da minha colônia de sobreviventes do apocalipse zumbi: a Kobo está funcionando 100% home office desde abril, e vamos continuar com escritório fechado até 2021. Tudo correndo bem, vendendo mais e-books, mais audiobooks, mais conteúdo. Até o momento, nossa sobrevivência parece garantida, mas, se eu posso reclamar de algo é que, mesmo com as possibilidade da Rakuten Kobo ajudar a cadeia produtiva do livro aqui no Brasil, ainda falta muitos recursos para colocar estas parcerias em prática. As editoras/livrarias não têm dinheiro para investir numa integração ou não tem conhecimento de marketing digital pra trabalhar uma afiliação (parceria através de links patrocinados). Então acaba que temos tudo pra ajudar, mas ao mesmo tempo, permaneço de mãos atadas por estar num país onde o dólar chegou a R$ 5,8 e os investimentos externos estão se tornando raros. (Este parágrafo meio que responde ao Jaime Mendes, que me citou em um artigo recentemente publicado pelo PublishNews).
Eu nunca desistiria, porém, os meus 41 anos me permitem ver as coisas com menos empolgação e mais realismo, criticismo. Vejo as editoras e toda a cadeia investindo suas fichas, novamente num único player. A velha a terrível síndrome da monocultura… quando será que nos livraremos disso?
O conteúdo, como um todo, ainda precisa se digitalizar e não vai ter outra forma melhor para comercializá-lo, que não a digital. Estamos fechando vendas institucionais, que antes eram concentradas no papel.
Eu deveria estar comemorando as vendas da Kobo, mas dentro do contexto Brasil... bem, acho que não temos muito a comemorar.
Mas esta coluna é na verdade um agradecimento ao PublishNews, que sempre me aceitou, mesmo com as opiniões controversas, mesmo com a cabeça lá na frente, vocês me deram palco, me deram credibilidade. Me sinto parte da família desde que comecei a escrever sobre minhas aventuras no mercado digital.
Espero de agora em diante, não me limitar somente ao mercado digital, mas falar do mercado de criação de conteúdo.
Revendo minhas colunas antigas eu tive um sentimento de muita gratidão, palavra que foi pega pra mostrar o nosso lado mais piegas, mas é a melhor palavra que eu posso dizer ao ver que fiz parte desta história, ativamente, graças a vocês, PublishNews e leitores queridos.
[Nota do editor: O PublishNews é palco para as mais diversas vozes do mercado editorial. Todo profissional do livro que tem uma ideia a defender e debater tem aqui espaço para levá-la adiante. A pluralidade, a diversidade de opiniões e a independência são as nossas marcas. Ter a Camila num time mais próximo, o dos colunistas - ou da "família", como ela mesma disse -, é motivo de orgulho, de alegria e de certeza de que estamos também fazendo história. Obrigado, ô, Camila, pelos dez anos juntos!]
Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.
camila.cabete@gmail.com (Cringe!)
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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