No último sábado (23), quando mais de 22 mil pessoas tinham morrido de covid-19, o agora ex-curador usou as suas redes sociais para transmitir uma inverdade relacionada à pandemia. A partir de dados de relatórios do Portal da Transparência, concluiu que não houve aumento no número de mortes por causas respiratórias entre o mês de abril e maio quando comparados ao igual período do ano passado. Com isso, ele concluiu: “O covid, pelo menos no Brasil, não causou mais mortes, nem por doenças respiratórias, nem por todos os motivos juntos”.
No post, ele fez uma outra constatação equivocada: “Estou falando que não há um dado claro que indique a necessidade de parar o país e ferrar com a economia por uma mortandade de pessoas, porque não há esse aumento de óbitos”.
Ocorre que o próprio Portal da Transparência tem um alerta sobre os prazos legais para registro de óbitos e também em relação ao processo de atualização do sistema, o que acarreta um atraso importante, dificultando a correlação direta entre os dados.
O post teve enorme repercussão. Um grupo de escritores, editores e intelectuais criou uma petição on-line que já amealhou mais de 8,2 mil assinaturas.
A pressão continuou nesta terça-feira (26), quando o coletivo Virgínia, composto por mais de 200 mulheres profissionais do mercado editorial, escreveu uma carta aberta pedindo a renúncia do curador.
Nota oficial – Câmara Brasileira do Livro
A Câmara Brasileira do Livro (CBL) recebeu e acatou hoje a carta de renúncia do professor Pedro Almeida, curador do Prêmio Jabuti. A Câmara agradece seu trabalho e contribuição para o prêmio durante a edição passada, em uma atuação reconhecida por todos.
Celebrar a produção editorial e homenagear os profissionais que atuam pelo livro, leitura e cultura brasileira continuarão sendo prioridade do Prêmio Jabuti e da Câmara Brasileira do Livro. A entidade seguirá trabalhando para levar melhores serviços aos associados, enfrentando de forma responsável os enormes desafios que nossa sociedade ainda tem adiante e reafirmando seu compromisso permanente com a defesa dos princípios democráticos e valorização do livro e leitura.
* Nota atualizada às 14h58 do dia 28 de maio de 2020 para retirada de nomes de escritores e intelectuais que aparecem como assinantes de manifesto