Saraiva suspende temporariamente suas operações de marketplace
PublishNews, Leonardo Neto, 14/05/2020
No fim do ano passado, varejista dizia que esta modalidade de venda representava 20% do faturamento do seu e-commerce. A previsão é que as vendas de terceiros ficarão suspensas entre junho e agosto.

A cada semestre, a Saraiva, por ser uma empresa de capital aberto, precisa apresentar a seus investidores os resultados referentes ao período anterior. No relatório referente ao terceiro trimestre de 2019, a varejista informava que estava realizando a migração de sua plataforma de e-commerce. Está lá registrado:

Migração da Plataforma de e-commerce: Até ago/19 as vendas em nossa plataforma, uma das mais relevantes no país que cobre todo o território nacional, foram impactadas negativamente por instabilidades em nosso e-commerce, e alcançaram um desempenho abaixo de nossas expectativas. Visando mitigar as inconsistências do e-commerce, implementamos, em ago/19, uma nova plataforma, com sistema mais leve, ágil e estável do que o utilizado anteriormente, que está contribuindo para melhora na performance e aumento da taxa de conversão do site.”

No mesmo documento, a empresa informava aos seus varejistas que a nova plataforma otimiza o processo de inclusão de parceiros no marketplace. Lembrando que marketplaces são shopping centers virtuais, ambiente que permite que outros vendedores coloquem ali produtos. É por esse esquema que a Saraiva passou a vender, por exemplo, computadores e celulares desde que anunciou a sua saída dos segmentos de informática e telefonia. Os produtos eram ofertados por parceiros. A oferta de produtos no marketplace não está limitada a estas categorias, mas há outras livrarias e editoras operando no “shopping center” virtual da Saraiva, como se vê na imagem abaixo, onde evidencia que o livro Anne de Green Gables (Autêntica) é oferecido por outros dois varejistas, além da Saraiva: a Authentic Livros e a Martins Fontes Paulista.

Continuando no relatório publicado em novembro do ano passado, a varejista dizia:

“Nosso marketplace próprio, onde as lojas parceiras vendem e tem oportunidade de expor seus produtos para os visitantes de nosso site, opera por meio de metodologia ágil, e faz parte da estratégia da Saraiva para proporcionar uma experiência completa aos nossos clientes com uma maior variedade e diversidade de produtos e serviços, que conversam e complementam o nosso DNA. Em set/19, 20% do faturamento de nosso canal de e-commerce foi gerado via Marketplace In, que teve um crescimento de quase 100% em relação aos meses anteriores a implementação da nova plataforma.”

Na última terça-feira (12), no entanto, a empresa enviou um comunicado classificado como “confidencial” para os vendedores do seu marketplace informando a “suspensão temporária de contrato de marketplace”. A medida, explica no novo comunicado, visa “o melhoramento e aperfeiçoamento desta metodologia de venda” e que a varejista “decidiu modificar o seu atual sistema, com o objetivo de torna-lo mais eficiente e melhor atender às expectativas do nosso setor de vendas on-line e, consequentemente, a todos os nossos parceiros”.

A empresa informa, então, que irá desativar temporariamente a solução de marketplace a partir do dia 31 de maio. A suspensão deverá durar até o mês de agosto. A íntegra do comunicado está no fim desta matéria.

Questionada pelo PublishNews se é uma nova modificação do sistema ou se é uma implementação de um novo módulo ao sistema implantado em agosto de 2019, a varejista disse:

“A Saraiva informa que tem feito mudanças recorrentes em sua plataforma de e-commerce a fim de trazer mais agilidade e dinamismo à plataforma, um dos seus principais canais de venda. A migração da operação para o Full Commerce refere-se a uma nova etapa prevista para melhoria de desempenho e rentabilidade da operação. Como parte desse processo, iremos desativar temporariamente nossos parceiros pra reativá-los após migração do sistema.”

Se em setembro do ano passado, 20% do faturamento do e-commerce da varejista vinha das vendas realizadas por terceiros, o timming da mudança não poderia ser pior neste momento em que as lojas físicas da varejista estão fechadas e a própria empresa reconhece que não está conseguindo gerar caixa.

[14/05/2020 11:00:00]