¡Fue perrón la Feria de Guadalajara, güei!
PublishNews, Redação, 17/12/2019
Editores brasileiros presentes na feira estimam ter negociado US$ 2 milhões em venda de exemplares e de direitos. Projeto piloto vendeu livros físicos no estande coletivo do Brasil.

Estande brasileiro em Guadalajara | © Talita Camargo
Estande brasileiro em Guadalajara | © Talita Camargo
Os mexicanos têm um jeito especial de usar o seu idioma materno. Quando uma coisa é estupenda, por exemplo, eles usam o termo “perrón” e é muito comum duas pessoas se chamarem de “güei”, o que no nosso português pode significar algo como “cara”. Pois bem, tendo feito esse preâmbulo, vale dizer que “¡Fue perrón la Feria de Guadalajara, Güei!”. Pelo menos é o que indicam os números apresentados pelas dez editoras brasileiras que estiveram no estande coletivo do Brasil na feira. Montado pelo Brazilian Publishers (BP), o espaço reuniu as editoras Ateliê da Escrita, Bibliex, Callis, Cedic, Editora do Brasil, Edusp, Global, Imeph, Melhoramentos e Ubook que declaram que fecharam (ou esperam fechar nos próximos 12 meses) negócios na ordem de US$ 2 milhões, valor 44% superior ao declarado na edição passada da feira.

Essa cifra é apurada a partir de uma pesquisa realizada pelo BP junto aos editores presentes no evento. Eles declaram o quanto venderam e o quanto é previsto vender no próximo ano.

Nos dias da feira – que reuniu 840 mil pessoas, incluindo quase 19 mil editores de 48 países – os editores brasileiros participaram de 136 reuniões e de encontros de negócios com editoras da Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Espanha, EUA, México, Peru, Portugal, Taiwan e Venezuela.

Talita Camargo, pela primeira vez com a sua distribuidora 2Books em Guadalajara
Talita Camargo, pela primeira vez com a sua distribuidora 2Books em Guadalajara
Graças a uma costura entre a Embaixada do Brasil no México e o BP, a distribuidora 2Books comercializou, em caráter de teste, livros dentro do estande coletivo do Brasil. A seleção dos títulos comercializados ali foi pensada primeiro privilegiando editoras e autores brasileiros presentes no evento (seis escritores participaram da programação oficial do evento).

Talita Camargo, uma das vencedoras da última edição do Prêmio Jovens Talentos e sócia da 2Book, resume: “Esse namoro antigo surgiu há dois anos quando, visitando a feira, percebemos a lacuna na falta de comercialização de títulos brasileiros no evento. O público local – pasmem! – é ávido pela nossa literatura e há muita procura por livros brasileiros durante o evento”.

Talita disse ao PublishNews que levou para Guadalajara 200 exemplares e 80% deles foram vendidos nos dois primeiros dias de feira. Foi solicitada uma reposição de 100 novas cópias, mas os livros não chegaram a tempo. A distribuidora diz que a maior demanda foi por literatura infantil e infantojuvenil. Nesse segmento, o livro mais vendido foi O meu pé de laranja lima (Melhoramentos), de José Mauro de Vasconcelos, seguido por títulos do Ziraldo e Mauricio de Sousa.

Em Ficção, os destaques foram para Essa gente (Companhia das Letras), de Chico Buarque; A vida invisível de Eurídice Gusmão (Companhia das Letras), de Martha Batalha, e Cancún (Companhia das Letras), de Miguel del Castillo.

Jacques Fux cercado de leitores mexicanos que levaram o livro e o autógrafo | © Talita Camargo
Jacques Fux cercado de leitores mexicanos que levaram o livro e o autógrafo | © Talita Camargo
Talita conta ainda que os autores brasileiros convidados pelo evento foram um sucesso de público e de vendas: os livros de Marcelino Freire, Fabricio Corsaletti, Gustavo Pacheco, Andrea del Fuego, Sheyla Smanioto e Jacques Fux sumiram das prateleiras antes mesmo de os eventos encerrarem. “O público saiu satisfeito com o combo literatura brasileira em português mais autógrafo de autores atenciosos, que leram ao vivo trechos de suas obras e encantaram a plateia com a qualidade”, relatou ao PN.

Em Não Ficção, os títulos de maior saída foram 50 Anos de feminismo: Argentina, Brasil e Chile (Edusp), de Eva Blay e Lucia Avelar, que ganhou as primeiras posições do pódio ao lado de Escravidão (Globo Livros), de Laurentino Gomes. Logo na sequência, o destaque foi para Quem tem medo do feminismo negro (Companhia das Letras), de Djamila Ribeiro, também autora de outro sucesso de vendas: Pequeno manual antirracista (Companhia das Letras). Talita disse que os mexicanos que procuraram os livros no estande brasileiro pediam para ser atendidos em português e procuraram ainda clássicos da nossa literatura, como Machado de Assis, Euclides da Cunha, José de Alencar e Clarice Lispector.

[17/12/2019 10:00:00]