Juíza censura livro sobre Suzane Von Richthofen
PublishNews, Redação, 22/11/2019
Alegando ‘a proteção [do preso] contra qualquer forma de sensacionalismo’ e ‘abuso do direito-dever de informar’, juíza Sueli Zeraik impõe multa diária de R$ 4.490 caso obra circule. Defesa vai recorrer.

Nos últimos três anos, o jornalista Ulisses Campbell se debruçou sobre a vida de Suzane Von Richthofen, condenada pelo assassinato de seus pais em outubro de 2002. O resultado é o livro Suzane: assassina e manipuladora que está no prelo da Matrix, com previsão de publicação em janeiro próximo. No entanto, uma liminar da Justiça barrou a publicação, a veiculação, a distribuição e a comercialização do volume. A decisão foi da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, do Tribunal de Justiça de São Paulo. Na alegação, a magistrada evoca o direito do preso à "proteção contra qualquer forma de sensacionalismo" e afirma que dados constantes no livro estão sob segredo de justiça, o que configura, na sua opinião, “abuso do direito-dever de informar". Na liminar da juíza Sueli, está prevista multa diária de cinco salários mínimos (R$ 4.490) caso seja descumprida a sua decisão.

A Folha ouviu o advogado Alexandre Fidalgo, responsável pela defesa de Campbell. Para ele, a decisão da juíza se choca com o entendimento do Supremo Tribunal Federal que decidiu, por unanimidade, liberar as biografias não autorizadas. O processo encerrado em 2015 ficou famoso pela frase “cala-a-boca já morreu”, proferida pela ministra Cármen Lúcia. "A juíza está proibindo um livro. Isso é censura prévia, porque ela não sabe o que será escrito nem qual será o conteúdo", disse Fidalgo à Folha.

Também em entrevista ao diário paulista, Paulo Tadeu, proprietário da Matrix, reforçou a tese do advogado: "A juíza não conhece o livro para tomar a decisão. Ela se baseou em uma entrevista", disse.

Editora e autor dizem que vão recorrer da decisão.

[22/11/2019 09:00:00]