O acordo prevê ainda que, 30 dias de homologado o plano de recuperação, haverá a troca no comando da empresa hoje capitaneada por Jorge Saraiva Neto. No mesmo prazo a empresa convocará os fornecedores que querem se enquadrar como fornecedor incentivador.
Serão considerados Fornecedores Estratégios-Incentivadores aqueles que aceitarem dar crédito (faturado + consignado), de no mínimo 35% do valor credito da RJ, e aceitar receber em 60 dias.
Para os credores que se negarem a dar crédito, valerão as regras apresentadas no plano anterior: em linhas gerais, 5% do total da dívida pagos em parcelas mensais durante 14 anos e os 95% restantes pagos com um fundo que será composto ao longo dos próximos 16 anos.
As dívidas de até R$ 50 milhões poderão ser convertidas em ações, com o preço fixado em R$ 1,45 (no fechamento do pregão desta quinta-feira, o papel valia R$ 1,42). A possibilidade de transformar dívida em ações vigorará nos próximos três anos.
Esse novo acordo será apresentado na Assembleia Geral de Credores marcada para começar às 13h30 desta sexta-feira (23). Uma vez aprovado, o acordo deverá passar pelo atual conselho que o ratificará. A previsão é que isso acontece ainda nesta sexta. Ainda de acordo com a apuração preliminar do PublishNews, Maria Cecilia Mendes Gonçalves, herdeira de Ruy Mendes Gonçalves e representante das irmãs na cadeira do conselho, não concorda com os termos. É, portanto, possível que ela tente levar o seu posicionamento para a assembleia de acionistas.
Relembre o caso
Em março do ano passado, a Saraiva começou a atrasar os pagamentos a seus fornecedores, dando a explicativa de que precisaria contingenciar recursos para o segundo semestre - marcado pela Copa do Mundo e pelas Eleições, momentos em que, historicamente, o varejo sofre muito com queda nas vendas.
Em outubro do mesmo ano, a varejista anunciou o fechamento de 19 lojas e a sua saída dos segmentos de informática e telefonia alegando que, embora trouxessem faturamento, deixavam pouca rentabilidade no caixa da empresa.
O pedido de recuperação judicial veio no mês seguinte, em novembro. O primeiro plano de recuperação apresentado se mostrou muito duro e pouco factível na opinião dos credores, que não apareceram na primeira assembleia em que ele seria votado. Diante da possibilidade de ser decretada a falência pela não aprovação da proposta, a própria Saraiva decidiu suspender a segunda assembleia de credores. O plano foi revisto, mas novamente, a terceira reunião também foi suspensa.
O que se via era uma pressão forte por parte dos credores pelo afastamento de Jorge Saraiva Neto da direção da empresa. Esse acordo de agora pode ser um primeiro passo nesse sentido. Com seus representantes com poder de voto na escolha do CEO, os credores acreditam conseguir trocar a direção da empresa num futuro próximo.
* Esta matéria poderá ser alterada a qualquer momento, conforme o avanço da apuração. Essas atualizações serão indicadas.
** Na manhã desta sexta-feira, a matéria foi atualizada, incluindo o intertítulo "relembre o caso".
*** matéria atualizada às 10h35 do dia 23/09 com a definição mais detalhada do que são os fornecedores estratégicos incentivadores e também com a informação de que a empresa se compromete com a troca do seu comando em 30 dias.
