Em 07 de fevereiro de 1.747, foi impresso o primeiro livro de que se tem notícias no Brasil. Seu título é Relação da entrada que fez Dom Francisco Antonio do Desterro Malheyro, Bispo do Rio de Janeiro, havendo feito seis anos bispo do reino de Angola donde por nomeação de sua majestade foi promovido para esta Diocese.
O livro de 24 páginas foi composto por Dr. Luiz Antonio Rosado, que se apresenta como “juiz de fora, provedor de defuntos, ausentes, capelas e refidos do Rio de Janeiro”. O livro trata da chegada da África e seguinte posse do novo bispo do Rio de Janeiro. Ao aportar no Brasil, o bispo ficaria de molho por 10 dias e precisaria da aplicação de um remédio brando para sua indisposição. No fim das contas viria bem a calhar: sua posse não poderia se dar enquanto não estivessem prontos sete arcos, que ele atravessaria em procissão, antes de penetrar a catedral.
A astrologia clássica considera sete, os planetas de influência, talvez por serem todos visíveis a olho nu. Grande produção simbólica da antiguidade procurou representar nosso sistema solar dessa maneira, tendo Saturno como o último e não raro, o mais importante.
O bispo e todos no livro não teriam como saber, mas em alguns anos, Urano, o planeta, seria descoberto no céu por Willian Herschel, astrônomo e músico alemão.
Planeta transcendental ou transpessoal, destes cuja órbita excede o tempo de uma vida humana comum. Um dos gigantes de gelo, carregado de tormentas elétricas, girando a uma velocidade difícil de conceber, em eixo de rotação horizontal - o único no sistema solar a mover-se assim.
Diz-se que Urano rege as energias do signo de Aquário, que aqui nos trópicos se apresenta no meio do verão, quando o pequeno livro foi impresso.
Aquário, é o que carrega água, mata a sede; o que considera o “Nós” maior do que do o “Eu”; faz um convite para utilizarmos nossa inteligência de forma coletiva, em prol do equilíbrio de tudo. Assim é melhor.
Traz a energia de visionários e inquietos. Se apresenta nos resultados de transformações abruptas e recomeços ampliados.
Com o Sol jovem, no 7º grau do signo, há um certo reconhecimento de que é preciso, em nome da causa, se desvincular. Esfriar um pouco as emoções, usar cálculos, estimativas. Agir sabendo que se a briga for tratada com sensibilidade demais, pode ser dolorosa.
E como sabemos, o foi.
Plutão e Marte estavam em escorpião. Violência, morte e medo. Paixão pelo poder. Fins pelos meios. Aquele com quem sempre acaba o trabalho sujo.
Assim ele sente em suas vísceras.
Porém com Saturno em Libra é fino e observador. Sabe andar sem se fazer notar. Manter o sangue frio. Reconhece a Justiça e a lei da economia e da causa e efeito.
Se equilibra em movimento. E que movimento!
Pensa, e confia, como o Capricórnio - signo da Lua e Vênus, lindezas abençoadas por Júpiter-Zeus, bem pertinho. Hedonismo e muita diversão, desde que firme no propósito. Não se deixa iludir: uma missão está sendo cumprida - um teste no qual ele dependera só de si.
Vida real.
Sofre com Chiron no signo da Virgem, calado e ressentido, enquanto encara a bagunça causada por seu ímpeto furioso na direção da vitória.
Potencialmente compulsivo, materialista, meio neurótico e arrogante.
O primeiro livro produzido no Brasil foi produzido por uma máquina-estado predadora: a coroa portuguesa, que por mais de 200 anos interferia nas dinâmicas desta terra, a alterando para sempre.
Inaugurou porém a ideia que representa: a de um livro produzido no Brasil.
Em 2019 ele completa 272 anos. Neste período os transpessoais Urano, Netuno e Plutão já completaram a volta no zodíaco. Muito se aprendeu sobre estarmos aqui. Nosso conhecimento ampliou, atingindo novos níveis, talvez mais sutis.
Porém em muitos aspectos, ainda somos os mesmos. Há cinco mil anos, os Sumérios registravam seus hábitos e normas sociais em pedra. Deste ângulo o livro é só um bebê, e com Marte em Áries, continua irritável e mandão, mas muito mais safo, esperto e veloz. Com a Lua pertinho de Netuno em Peixes, porém, está mais empático, sonhador e espiritualizado.
Talvez por sua sensibilidade, ande meio preocupado: ele sabe que Saturno se aproxima de Plutão em Capricórnio, e de todo o trabalho que isso vai dar.
Já está dando.
É preciso cuidar da própria energia. Responsabilidade afetiva, cuidado com as palavras, julgamentos, banalizações e espelhamentos.
Mas o livro é um revolucionário lembram? E hoje Urano está em Touro.
Os valores estão mudando. Estruturas são, ou precisam ser, recondicionadas. Aprender através da crise, realizar as próprias limitações. Transforma-las, transformando-se.
Neste momento, a herança espiritual deste pequeno livro está afirmando seus atos revolucionários, positivando-os.
Como um livro, ele aprendeu a amar a sabedoria. E quer mais.
Assim é preciso, pois muitas coisas continuam erradas com seus criadores, os humanos. Parece que eles ainda vivem a sombra de seus potenciais.
Porém, algo inédito e profundamente uraniano se instalou no tecido social: estamos conectados.
Pactos podem ser refeitos se assim o quisermos. É possível resolvermos isto daqui.
Mas Infelizmente ele não tem vida própria. É um livro - fruto da inteligência humana.
Nós é que precisamos mudar.
Você está disposto?
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