A certeza do vazio
PublishNews, Redação, 06/05/2019
Sétimo livro de poemas do escritor, professor e tradutor Paulo Henriques Britto traz para a moldura do verso a profunda consciência da solidão

"Tempo agora perdido/ (todo tempo se perde)/ vivo só nos vestígios", escreve Paulo Henriques Britto no segundo poema que compõe Nenhum mistério (Companhia das Letras, 72 pp, R$ 44,90). Depois de um intervalo de seis anos desde o lançamento de Formas do nada, em 2012, o poeta põe à prova os limites das estruturas clássicas e retoma sua lírica marcada por uma forte descrença no sublime e no sentido. Conforme Britto anuncia, trata-se de uma "cruel lição", sem planos para o futuro, conclusões práticas ou teorias extravagantes. De acordo com o poeta, que se sente em uma constante véspera, para toda solução há "um jeito de achar um problema". O vazio, ele pondera, é a única certeza dos dias que não trazem alento: "só amo o que não sei e não se explica".

[06/05/2019 07:00:00]