No ano passado, as editoras brasileiras colocaram no mercado 14.639 novos ISBNs e reimprimiram outros 32.189. De todos eles, foram produzidos 349,9 milhões de exemplares. Em relação ao ano anterior, isso representa queda de 11,03% no número de cópias produzidas. Foram vendidos 352 milhões de exemplares (-0,82% a menos do que em 2017), sendo 202,7 milhões (-8,84) para o mercado e 149,3 milhões (+12,62%) para o governo. Dessas vendas, se resultou faturamento total de R$ 5,11 bilhões.
Em termos reais, todos os subsetores apresentaram queda nas vendas. O que menos sofreu foi o de Religiosos que apresentou crescimento nominal de 1,07%, mas quando se considera a inflação, a queda foi de 2,6%. Agora, o subsetor que continua com a corda no pescoço é o de livros científicos, técnicos e profissionais (CTP), que caiu nominalmente 17,33% (20,3% se considerar a inflação). No ano passado, a Fipe já chamava a atenção para esse subsetor que já tinha acumulado perdas de 17% entre 2015 e 2017 e com essa queda de agora, as perdas de 2015 para cá já somam 44,9%. O subsetor de Didáticos apresentou queda nominal de 5,6% (9,1% real) e o subsetor Obras Gerais apresentou queda nominal de 3,3% (6,8% real). "Confesso que assusta no subsetor de Obras Gerais termos 10 milhões a menos de livros vendidos”, comentou Mariana Zahar, vice-presidente do SNEL.O impacto da crise nos números
Os prognósticos apresentados no início do ano passado davam conta de um ano difícil. Muito por conta de Copa do Mundo e de eleições, dois períodos em que, normalmente, o varejo de livros cai no País. E no meio do ano ainda veio a greve dos caminhoneiros que não era prevista, mas impactou negativamente a venda e a distribuição de livros no País. Mas nenhum desses fatores sazonais teve tanto impacto quanto a crise que deu seus primeiros sinais em abril passado, quando Saraiva e Cultura começaram a atrasar pagamentos e culminou com os respectivos pedidos de recuperação judicial entre outubro e novembro. O efeito desses movimentos das duas maiores redes de livrarias do país pode ser visto em números. As livrarias continuam sendo o principal canal de vendas de livros. Dos 202,7 milhões de exemplares vendidos, 93,7 milhões, ou 46,25%, foram comercializados nesses ambientes. Mas, em comparação com 2017, houve uma variação negativa de 20,6%.
Ainda olhando para os canais de distribuição, chama a atenção a performance das livrarias exclusivamente virtuais (onde a Amazon se enquadra). A participação desse canal pode até ser pequena ainda, totalizando 3,41% do faturamento total da indústria, mas, entre 2017 e 2018, houve crescimento de 25,20% do faturamento nesses canais, que saltou de R$ 100,3 milhões para R$ 125,6 milhões. Crescimento importante também do canal Distribuidores, o que pode indicar uma movimentação nas livrarias independentes. As editoras responderam que as vendas para esse canal cresceram 27,29% em relação a 2017. Uma novidade na pesquisa é o número de livros comercializados através de Clubes de Assinatura, que apesar de representar em 2018 somente 1,08% das vendas, indica um novo canal para as editoras.
Metodologia
A pesquisa é feita com base em questionários respondidos pelos editores. Nesse ano, foram ouvidas 202 editoras, sendo 185 emparelhadas ao ano anterior. Segundo o instituto de pesquisas, isso representa 68% do setor editorial em termos de faturamento. Os 32% restantes são inferidos estatisticamente.
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