No fim da tarde desta quinta-feira (28), a Saraiva divulgou os resultados do quatro trimestre de 2018 (4T2018) e com eles vieram os números consolidados do ano passado. No período, a receita bruta desabou, alcançando R$ 220,8 milhões ante os R$ 524,2 milhões apurados em 2017. Isso representa queda de 58,3%.

No acumulado do ano, a perda foi de 17,5%, caindo de R$ 1,88 bilhão, em 2017, para R$ R$ 1,55 bi, em 2018. A queda foi sentida tanto no canal de lojas físicas (-17,7%) quanto no e-commerce (-17,1%).

Se em 2017, a Saraiva teve um Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) positivo de R$ 14,1 milhões, em 2018, esse índice despencou e fechou negativo em R$ 168 milhões. No quarto trimestre, o Ebitda ficou negativo em R$ 113,6 milhões, sendo que no ano anterior, ele era positivo em R$ 22,3 milhões. Tudo isso impactou o lucro líquido que fechou o 4T2018 negativo em R$ 198,8 milhões e o ano em -R$ 301,7 milhões.

Na teleconferência apresentada na manhã desta sexta-feira (29), Henrique Cugnasca, diretor financeiro da empresa, ressaltou que o 4T2018 e seus maus resultados devem ser encarados como um “período de transição”, no qual os números da empresa foram “fortemente impactados pelas grandes alterações que viabilizam a recuperação da companhia”. Uma das mudanças que impactou esses resultados, de acordo com a empresa, foi a readequação do mix de produtos, com descontinuidade de categorias como informática e telefonia, que possuíam menor rentabilidade e maior demanda de capital de giro. Com essa medida, a empresa estima reduzir a geração de créditos tributários, um dos seus calcanhares de aquiles, em R$ 50 milhões nesse ano.

Henrique apontou ainda que, no quarto trimestre, foram desligados 700 colaboradores, 350 deles dispensados por conta do fechamento de 22 unidades varejistas (14 lojas Saraiva e as oito lojas iTown) que apresentavam Ebitda menor que 5%. Houve ainda o encerramento de dois centros de distribuição; a empresa realizou a revisão dos principais contratos com fornecedores de serviços e reavaliou a sua malha logística. Ainda de acordo com Henrique, esses movimentos possibilitaram a redução de 35% das despesas da empresa percebida nos dois primeiros meses de 2019.

Outro ponto apresentado na mensagem aos acionistas foi o processo de reabastecimento de produtos depois do pedido de recuperação judicial (RJ). O diretor financeiro disse ainda que 160 fornecedores fizeram novos acordos com a empresa, incluindo a retomada da consignação. Isso, na avaliação da empresa tem normalizado gradualmente o abastecimento dos pontos de venda, "ainda que com adequações na volumetria, em lojas físicas e e-commerce".

O executivo disse ainda que a varejista está implantando uma nova plataforma de e-commerce "mais leve, ágil e estável" e que poderá representar redução de 32% no orçamento anual de despesas.