Mas por que o mundo experimenta um boom dos audiolivros?
PublishNews, Leonardo Neto, 14/03/2019
Especialistas reunidos na Feira do Livro de Londres respondem a essa pergunta

Em 2017, o PublishNews observava que o assunto “audiolivro” estava em todas as rodas de conversa da Feira do Livro de Frankfurt, o maior e mais importante encontro de negócios do livro no mundo. No ano seguinte, a feira organizava uma conferência inteiramente dedicada a eles. É até agora o assunto do momento. É a bola da vez e, claro, a Feira do Livro de Londres, que encerra a sua programação nesta quinta-feira, não deixaria o tema de lado.

Mas por que esse formato caiu no gosto dos leitores de países como EUA, Inglaterra e Alemanha? Especialistas reunidos em Londres buscaram dar uma resposta. De acordo com Michele Cobb, da US Audio Publishers Association, a primeira razão é simples: as editoras investiram nesse formato, criando assim uma demanda. “Um elemento que explica o crescimento nos EUA é que nós estamos fazendo muitos mais produtos”, disse no encontro. Ela notou que entre 2013 e 2017, o número de audiolivros publicados no país dobrou, chegando a 46 mil títulos. “Nos últimos seis anos notamos um crescimento de dois dígitos tanto em valor quanto em unidades vendidas”, completou dizendo ainda que em 2017 o crescimento em valor ultrapassou o crescimento do volume, dando a entender que o crescimento não é momentâneo e que deve se manter apontando para cima.

E essa tese foi ainda defendida por Mary Beth Roche, da Macmillan Audio, e pela Amanda D´Acierno, da Penguin Random House Audio. Elas ressaltaram que o fenômeno só aconteceu porque os audiolivros se tornaram o principal foco das estratégias das editoras, mostrando que foram elas que criaram essa demanda e não o contrário. Os audiolivros saíram do patamar de um mero detalhe contratual para se tornar o core dos planos das editoras e isso fez toda diferença.

Elas defenderam ainda que que há outros elementos que levam a crer na manutenção do crescimento desse formato. Os dados mostram que os audioleitores são, na sua maioria, jovens, que ouvem em diversos apps ou devices e estão ouvindo de novos jeitos, sobretudo com a popularização nesses países dos assistentes virtuais. Nos EUA, mostrou Cobb, a maioria (54%) dos ouvintes tem entre 18 e 44 anos e isso é uma mudança importante se comparar com o perfil dos usuários de audiolivros de 20 anos atrás, quando a turma dos 50 era a maioria.

Ela demonstrou também que os leitores-ouvintes são também leitores de textos. Nada menos do que 83% deles declaram ter lido pelo menos um livro no último ano. Os 17% restantes, ela diz que são aqueles que chegaram aos audiolivros por meio de podcasts, lembrando que ouvintes de podcasts ouvem o dobro de audiolivros do que aqueles não são.

É... listening is the new reading!

[14/03/2019 07:00:00]