Apesar de tudo, varejo de livros cresceu em 2018
PublishNews, Leonardo Neto, 15/02/2019
De acordo com a Nielsen, volume de exemplares vendidos cresceu um pouco (+1,32%), os descontos ao consumidor caíram (-4,14%) e, com isso, ano fechou com faturamento crescendo acima da inflação (+4,6%)

Apesar de tudo, varejo de livros cresceu em 2018 | © Fernando de França / Divulgação / Blooks
Apesar de tudo, varejo de livros cresceu em 2018 | © Fernando de França / Divulgação / Blooks

Para o Brasil, 2018 foi um ano em que o termo “desafiador” ganhou conotações dramáticas. Não bastassem as eleições – as mais conturbadas das últimas décadas –, enfrentamos uma greve de caminhoneiros que paralisou o país e ainda uma Copa do Mundo de Futebol, apontado como uma das paixões nacionais e, portanto, motivo de nova paralisação. Como se não fossem revezes suficientes, o mercado editorial e livreiro tem enfrentado, desde outubro passado, um doloroso processo de recuperação judicial das duas maiores redes de livrarias do país: Saraiva e Cultura.

Apesar de tudo isso, o varejo de livros apresentou números positivos em 2018, segundo mostrou o Painel das Vendas de Livros no Brasil, realizado pela Nielsen e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Em 2018, as varejistas monitoradas pela Nielsen venderam 44,4 milhões de exemplares de livros. Isso representa crescimento de 1,32% sobre 2017. Essas vendas redundaram em faturamento de R$ 1,8 bilhão, o que representa uma alta nominal de 4,6% em comparação a 2017. É um crescimento acima da inflação que foi 3,75% em 2018.

Parte do faturamento positivo pode ser explicado pela diminuição dos descontos concedidos ao consumidor. A média de 2018 aponta uma diminuição de 4,14% em relação ao ano anterior, com destaque para o último período (de 4 a 31/12), que registrou 9,43% de desconto, o menor número desde a criação do Painel das Vendas de Livros.

"Diante de tudo o que vimos em 2018, os resultados vieram acima da expectativa, o que mostra que, apesar de tudo, o mercado livreiro continua aquecido", observou Ismael Borges, coordenador da Nielsen Bookscan, ferramenta que monitora as vendas de livros em livrarias, supermercados e lojas de autoatendimento no Brasil.

O salvamento da lavoura só se deu graças ao bom desempenho do setor no primeiro semestre. Entre janeiro e maio, o faturamento apresentava crescimento de dois dígitos em relação a igual período de 2017. Como se vê no gráfico abaixo, a partir de junho, no entanto, as vendas de livros perderam o ritmo em função dos eventos citados no início dessa matéria.

Fonte: Nielsen
Fonte: Nielsen

A crise das livrarias e o consequente desabastecimento impactou muito as vendas de Natal, principal data do calendário comercial do varejo brasileiro. Isso fica muito evidente no relatório que aponta queda de 11,4% no número de exemplares vendidos entre os dias 4 e 31 de dezembro. Isso é equivalente a mais de meio milhão de exemplares a menos do que foi vendido em igual período de 2017. Em valor, o encolhimento nesse período foi de 6,4% ou R$ 12 milhões a menos no caixa das unidades monitoradas pelo instituto de pesquisa.

Clique aqui para baixar o relatório completo.

[15/02/2019 11:00:00]