Listening is the new reading?
PublishNews, Leonardo Neto, 10/10/2018
Conferência da Feira do Livro de Frankfurt faz um panorama atual da indústria de audiolivros

Em julho passado, Markus Dohle, CEO da Penguin Random House fez a seguinte declaração durante uma conferência em Barcelona: “Audiolivros são o futuro. Em menos de sete anos, mais de 50% das vendas digitais da Penguin Random House virão dos audiolivros”. E, de fato, em alguns mercados, os audiolivros têm ganhado força, crescido a dois dígitos por ano e conquistado milhares de leitores. Não à toa, uma das grandes novidades para esta edição da Feira do Livro de Frankfurt foi justamente a sua Audiobook Conference que reuniu cerca de 200 editores internacionais na manhã desta quarta-feira.

John Ruhrmann, diretor e co-fundador da Bookwire, na sua apresentação na Frankfurt Audiobook Conference | Leonardo Neto
John Ruhrmann, diretor e co-fundador da Bookwire, na sua apresentação na Frankfurt Audiobook Conference | Leonardo Neto

Na Alemanha, país pioneiro na oferta de serviço de streaming de audiolivros digitais, o faturamento com a venda de audiolivros alcançou 180 milhões de euros. A Audible, um dos principais serviços de streaming de audiolivros no mundo, já acumula 18 milhões de usuários no país. Oitenta e três porcento deles ouvem pelo menos um livro por mês e 54% deles declararam que o tempo gasto com audiolivros é mais valioso do que o tempo gasto em plataformas de redes sociais. Esses foram alguns dados apresentados por John Ruhrmann, diretor e co-fundador da Bookwire, empresa alemã que se especializou na distribuição de conteúdos digitais. “A Alemanha perdeu muitos leitores no último ano. Onde estão esses leitores? No Tinder ou no Netflix? Eu não sei, mas muitos estão ouvindo ao invés de ler”, disse Ruhrmann na sua apresentação.

Ruhrmann apresentou algumas tendências desse mercado e mostrou aos participantes que o modelo de subscrição – usado no Brasil pela Ubook e Tocalivros – é o que tem ganhado mais força nos últimos tempos. Segundo ele, esse modelo já corresponde a 50% do mercado. Na Alemanha, ainda há audiolivros em formatos físicos (CDs). Esse modelo tem caído em desuso, e perdeu 9% de sua participação no último ano.

Ruhrmann apontou que produtos seriados se adequam muito bem ao audiolivros e deu dicas importantes a editores, como trabalhar bem o backlist e apostar em campanhas de marketing dentro das plataformas de audiolivros.

A Conferência trouxe ainda a experiência da Penguin Random House Audio, vencedora do prêmio Excellence Award da última edição da Feira do Livro de Londres. Amanda D’Acierno, presidente do braço de audiolivros da PRH, mostrou algumas das estratégias adotada pelo grupo que produz audiolivros desde 1955 e que hoje mantém cinco estúdios em Nova York e outros dez em Los Angeles. Amanda comanda um catálogo de 12,5 mil títulos e se orgulha de conseguir hoje lançar seus livros simultaneamente nos formatos impresso, digital e audiolivros. De janeiro até agora, a PRH já colocou no mercado norte-americano 1,3 mil títulos.

Uma das estratégias da PRH foi a criação do Ahab, uma plataforma que serve como banco de talentos para narradores. Isso se fez necessário porque a produção de audiolivros estão cada vez mais complexas, apontou. E isso requer mão de obra especializada e qualificada. Ela citou o livro Lincoln in the Bardo, de George Saunders. A versão em áudio do livro usou 166 vozes o que ajudou a lhe render o prêmio APA Audio Awards como Audiolivro do ano de 2018.

A conferência trouxe ainda experiências da Rússia, Índia, Emirados Árabes e China.

[10/10/2018 07:00:00]