Para aumentar receitas e alcançar novos públicos
PublishNews, Leonardo Neto, 09/10/2018
Conferência que abriu a programação profissional da Feira do Livro de Frankfurt apresentou tendências e insights que podem ajudar editores a aumentarem suas receitas

Charlie Redmayne, CEO da HarperCollins no Reino Unido, abriu a conferência The Markets | Leonardo Neto
Charlie Redmayne, CEO da HarperCollins no Reino Unido, abriu a conferência The Markets | Leonardo Neto
Neste ano, a conferência The Markets, que há quatro anos abre oficialmente a programação profissional da Feira do Livro de Frankfurt, sofreu uma transformação. Nas suas três primeiras edições, os participantes tinham uma espécie de panorama dos mercados privilegiados naquela edição. Nesta edição, isso mudou. O que se colocou em foco foi a possibilidade de aumentar as receitas por meio de novos canais, trazendo para o palco do Business Club, a área VIP da Feira, profissionais que trabalham em novas frentes, reinventando modelos e criando boas tendências.

A abertura ficou por conta de Charlie Redmayne (na foto acima), CEO da HarperCollins no Reino Unido e responsável ainda pelas atividades da casa na Irlanda, Índia, Austrália e Nova Zelândia. Ele lembrou de quando a Apple estava lançando o seu iPad e prometia que quem estava nascendo naquele ano desconheceriam o CD e o livro impresso. Redmayne lembrou que a profecia apocalíptica não se concretizou (com os livros, pelo menos). Houve sim uma queda no desempenho dos livros impressos, mas ele já está em recuperação e ganhando reforços de outras mídias, como é o caso dos audiolivros que tem apresentado crescimento de dois dígitos no Reino Unido.

Ele observou que as pessoas estão consumindo mais conteúdos, em outros meios, não apenas em livros ou em vídeos, mas também em blogs, vlogs, podcasts. “Não temos que estar com medo disso. O trabalho do novo editor é pensar o conteúdo para todas essas plataformas”, observou. Deu o exemplo dos audiolivros que não canibalizaram os outros formatos, ao contrário, trouxeram não leitores para a indústria do livro. Ele falou ainda do potencial que podcasts têm apresentado ao mundo editorial. “Os podcasts explodiram. É um desafio agora para os editores encontrarem formas de monetizar esse canal e temos que dar suporte a esses novos formatos que podem se tornar sustentáveis no futuro”, provocou a audiência.

O duplo dilema da indústria do livro

A Associação de Editores e Livreiros da Alemanha percebeu um fenômeno curioso: as vendas de livros no país começaram a cair. A partir disso, acionou a Buchhandels, plataforma mantida pela associação que serve de base de dados e consulta sobre os livros publicados no país, para um estudo sobre isso. A pesquisa concluiu que nos últimos sete anos, a Alemanha perdeu sete milhões de livros. “É uma Suíça inteira!”, exclamou Kyria Dreher, gestora da Buchhandels, que participou da mesa Improving your bottom line: insight on news trends to increase revenue que reuniu profissionais da Alemanha, Argentina, China, EUA e Reino Unido. “Sentamos com leitores que tinham comprado de seis a sete livros no ano anterior e nenhum no ano seguinte e perguntamos o que estava acontecendo. Eles apontaram que os livros se tornaram uma opção entre várias outras. Informaram ainda que se sentem à vontade para dar livros como presente, mas não gastam seu tempo lendo livros”, comentou.

Kyria comentou que a pesquisa revelou ainda que o livro ainda tem uma imagem muito positiva entre os alemães. “Ler livros, mesmo para aqueles que não estão mais lendo, é algo extremamente positivo”, comentou. Na opinião da gestora, isso pode apresentar um potencial para a indústria. Os entrevistados apontaram ainda que precisam de mais orientação. “Eles estão perdidos”, continuou Kyria. Além de ser relevante para aquele leitor, ele precisa saber como encontrá-lo. Não ter tempo para ler e ainda não ter tempo para procurar o livro é um dilema duplo que a indústria precisa resolver. “Os editores alemães estão com esse desafio de encontrar um sistema de orientação para esses leitores, o que inclui a criação de modelos de estratégias para livreiros’, concluiu Kyria.

A conferência jogou luz em iniciativas exitosas nos segmentos de modelos de assinatura (tanto de conteúdos digitais quanto de livros físicos, aqui entrou a participação do brasileiro Gustavo Lembert, da TAG) e appbooks para o público infantil.

O PublishNews inaugura nesta edição da Feira do Livro de Frankfurt, uma seção chamada Frankfurtianas na qual traz pílulas da cobertura do evento. Para acessar a Frankfurtianas de hoje, clique aqui.

[09/10/2018 07:42:00]