Divisão melhor do pão
PublishNews, Dante Cid*, 09/10/2018
Mudança na legislação de Direitos Autorais na Internet avança na Europa. Produtores querem evitar o uso indevido de conteúdos e gigantes de tecnologia defendem o direito do usuário.

No dia 12 de Setembro, o Parlamento Europeu aprovou a reforma na lei de direitos autorais na Internet. A nova legislação obrigará que empresas como Google e Facebook dividam suas receitas com os produtores de conteúdos europeus como, por exemplo, jornais e revistas.

O tema é polêmico e dividiu opiniões entre os entusiastas da Internet e os criadores de conteúdo. O que está em jogo é uma distribuição mais justa dos ganhos entre aqueles que produzem e os que distribuem os conteúdos no mundo digital.

De um lado está o acesso total à informação, uma das promessas dos entusiastas da Internet desde o seu surgimento. Do outro lado, a garantia de que profissionais independentes e artistas possam ser remunerados por sua produção sob pena de interromperem suas atividades por falta de recursos.

Há uma grande expectativa para a votação na Comissão Europeia, que terá de acomodar as diferentes posições antes da legislação ser alterada definitivamente já no ano que vem. Esse é um passo importante para proteger jornalistas, educadores, empresas de mídia, autores na Europa.

Já na outra ponta, representantes das grandes plataformas de tecnologia acreditam que ainda há tempo para reverter a situação, com o apelo de garantir o direito dos usuários.

Há também a corrente que teme a censura, uma vez que as plataformas terão que desenvolver mecanismos de identificação e barramento de conteúdos protegidos, se não quiserem arcar com os custos da reprodução.

O comportamento do consumidor mudou muito nos últimos anos. O impacto da Internet e do compartilhamento de informações em vários formatos – vídeo, texto, imagem - mudou a sociedade moderna. A modernização da legislação é inquestionável, mas o debate com a participação de todos é que vai garantir a dose certa para o ajuste.

O fato da proposta ter avançado na Europa ainda não repercutiu muito aqui no Brasil, mas é certo que ano que vem essa decisão será mais fortemente debatida e influenciará essa relação aqui também em nosso país.


* Dante Cid, vice-presidente de relações acadêmicas da Elsevier

[09/10/2018 08:27:14]