Há muito tempo, num lugar próximo daqui, foi anunciada uma tragédia. Pelas notícias que chegaram, pessoas foram vistas desesperadas nos celulares, redes sociais, nas ruas, nos boletos. O consumo de álcool aumentou, ateus rezaram, fiéis ficaram de olhos vermelhos, estatísticos foram engolidos pelos dados. Caos.
Parece que as pessoas não ficavam daquele jeito desde a farsa do homem na Lua. E olha que depois disso ainda houve um sete-a-um. O centro da tragédia foi na maior cidade de lá, mas reverberou ao redor do país. Pelos sismógrafos, a cabeça dos comerciais vibrou em 8.4 na Escala Fodeu, que vai de 0 a 7.
Um escritor de lá dizia que um país se fazia com homens e livros. É uma frase bem machista, mas fazia sentido no que dizia respeito ao conhecimento, à aquisição do saber, ao desenvolvimento do ser humano. Não era isso, no entanto, que importava por lá. O movimento desesperado do povo com a tragédia só tinha um motivo: sobrevivência.
País desgovernado, crise em vários setores, educação sem dinheiro, saúde morrendo, presos políticos e as pessoas tentando sobreviver. Quem vivia do livro por lá estava realmente assustado, e não era pra menos. Pelos números, o faturamento do setor de livros não crescia havia mais de dez anos, e aí veio a tragédia.
O mais estranho é que alguns dias depois veio a Flip, uma festa literária. Isso, faziam festa mesmo assim. Logo em seguida aconteceu um evento chamado Bienal do Livro, que parecia um shopping de compras de livros. Depois houve feiras internacionais, mais festas, mais feiras, mais demissões, festas, festas, demifestas.
Lá no fundo dos motivos, minguando, estava o livro. Não se interessavam pelo livro, o interesse era mesmo a sobrevivência. Ao vencedor, a lista. Esse foi o erro daquelas pessoas. A sobrevivência os cegou para os caminhos que poderiam ter trilhado. Eram tantas as alternativas, as chances, as possibilidades. Mas a lista era o único caminho que enxergavam.
Sempre que me lembro dessa história, agradeço à deusa que a nossa realidade é outra. Que bom, né?
Marcio Coelho começou sua carreira como revisor na antiga editora Siciliano, passou por muitas editoras como Saraiva, Nova Fronteira e Ediouro. Trabalhou na TAG – Experiências Literárias, prestou consultoria para clubes de assinaturas de livros, é professor de cursos voltados ao mercado editorial e gerente de projetos especiais do Grupo Editorial Pensamento. Além de viver de livros há mais de duas décadas, é apaixonado por eles.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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