Flip volta a ter tenda
PublishNews, Redação, 05/06/2018
Instalada do lado direito da Igreja Matriz, novo auditório vai abrigar 500 pessoas

Ao anunciar a sua programação no ano passado, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) trazia a público também uma novidade: pela primeira vez montaria a sua programação para o lado esquerdo do canal e faria a sua programação principal dentro da Igreja Matriz e não mais numa grande tenda especialmente erguida para o evento. A experiência, no fim das contas, fez a festa mais compacta e ao mesmo tempo aproximou mais convidados e público. Nesse ano, a programação principal se mantém ainda na margem esquerda do canal, mas não ocupará a Igreja e sim uma tenda novamente. Com capacidade para 500 pessoas, o novo espaço será montado imediatamente ao lado da Igreja. “Esse é um número mágico”, disse Mauro Munhoz, diretor geral da Flip, em coletiva à imprensa na manhã desta terça-feira, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Mágico porque volta à mesma capacidade que a Flip tinha em sua primeira edição em 2003. Ao longo dos anos, as tendas montadas pela Flip tiveram de 600 a 850 cadeiras. Mauro explicou que, com inclinações mais adequadas, a nova tenda será um espaço mais intimista. “Essa é uma Flip mais íntima”, confirma Josélia Aguiar, curadora da festa. “A Flip em 2018 se volta para o mundo de dentro”, completa.

A pluralidade proposta por Josélia na Flip de 2017 se manterá nesse ano. Ao todo, serão levados a Paraty 33 convidados para a programação principal, sendo 17 mulheres e 16 homens, mantendo também o mesmo percentual (de 25% a 30%) de autores e autoras negros. “De certa forma, é uma Flip mais artística, expandindo para além da literatura, com a participação de atores, slamers, sound designers, cineastas etc”, explica Josélia.

Orçamento

Em 2017, a Flip ficou orçada em R$ 5,8 milhões. Mauro Munhoz acredita que conseguirá fechar com uma cifra de R$ 500 mil a R$ 1 milhão menor do que esse valor. “Estamos lutando para chegarmos ao custo mínimo do evento, que é de R$ 3,7 milhões”, disse aos jornalistas. Para suprir essa falta no orçamento, Munhoz reforça que tem conseguido fazer muita coisa em parceria. Resultado desse esforço de conquistar parceiros, a Flip contará com 20 casas que comporão a programação do evento. “A Flip se tornou um trabalho colaborativo. No ano passado, tivemos oito casas parceiras. Esse ano, já temos 20 casas inscritas e acreditamos que esse número crescerá”, conclui o diretor. Dentre as novidades, estão a casa da União dos Institutos Europeus de Cultura que vão fazer uma programação em referência ao maio de 1968 na França. Outra novidade é a casa Época Vogue que vai privilegiar autores de obras de não ficção e a casa do Instituto Hilda Hilst, que orbitará a praça central de Paraty.

Programação

A Flip será aberta oficialmente, como já havia sido divulgado, às 20h da quarta-feira (25), com Fernanda Montenegro e Jocy de Oliveira fazendo uma homenagem a Hilda Hilst. Abrindo a programação na quinta-feira (26), às 10h, acontece uma performance sonora com a cineasta Gabriela Greeb e o sound designer Vasco Pimentel. A mesa Barco com asas (12h) faz uma referência a um verso de Hilda e reunirá, por vídeo, a portuguesa Maria Teresa Horta e as poetas brasileiras Júlia de Carvalho Hansen e Laura Erber. A religião, a magia e a luxúria, temas recorrentes na obra da Hilda será o fio condutor do Encontro com livros notáveis (15h30), com Christopher de Hamel, especialista na literatura medieval. Ainda na quinta-feira, às 17h30, acontece a mesa Amada vida, que vai reunir a ficcionista argentina Selva Almada e a brasileira Djamila Ribeiro. Juntas elas conversarão sobre como fazer da literatura um modo de resistir à violência. Encerrando a programação de quinta, às 20h, Gustavo Pacheco e Sérgio Sant’Anna participam da mesa Animal agonizante.

Hilda costumava dizer que ela vivia numa torre de capim (e não numa torre de marfim, como diz o dito popular). Foi baseado nessa fala, que Josélia pensou na mesa Poeta na torre de capim, marcada para abrir a programação da sexta-feira (27). A mesa vai reunir Lígia Ferreira e Ricardo Domeneck. Eles resgatam as obras de Luiz Gama e Hilda Machado, autores que não tiveram reconhecimento da crítica e dos leitores em vida. Ao meio dia da sexta, os italianos Igiaba Scego e Fabio Pusterla participam da mesa Minha casa. Ele é tradutor do português para o italiano e ela uma italiana que escreveu e lançará um livro sobre Caetano Veloso na Flip. O franco-congolês Alain Mabanckou participa da mesa Memórias de porco-espinho marcada para as 15h30 da sexta-feira. Temas tabus e proibidos darão a tônica da mesa Interdito que terá a participação do egípcio André Aciman e a paulistana Lígia Ferreira. A atriz Iara Jamra, que encarnou Lori Lamby no teatro, dividirá a mesa A santa e a serpente com Eliane Robert Moraes, marcada para encerrar a programação da sexta-feira.

Jocy Oliveira e Vasco Pimentel voltam ao palco principal da Flip para abrir a programação de sábado, com a mesa Som e fúria em que vão descortinar a escuta e a criação dos universos sonoros de Hilda. O historiador britânico Simon Sebag Montefiore, que lança no Brasil biografia sobre a polêmica Catarina, a grande e falará sobre isso na mesa O poder da alcova (12h). As questões do corpo voltam ao palco da Flip na mesa Obscena de tão lúcida, com Juliano Garcia Pessanha. Vencedor do prêmio Pulitzer Colson Whitehead dialoga com Geovani Martins, apontado como o novo menino prodígio da literatura brasileira, sobre como construíram sua rota de fuga e conquistaram a liberdade. A russa Liudmila Petruchévskaia encerra a programação de sábado com a mesa No pomar do incomum (20h).

Franklin Carvalho e Thereza Maia abrem a programação de domingo (29) com a mesa Zé Kleber do Malassombros. Para encerrar a programação oficial, a atriz Iara Jamra, o músico Zeca Baleiro e o fotógrafo Eder Chiodetto relembram os seus encontros com Hilda Hilst e explicam sobre os seus processos de criação de suas obras baseadas no trabalho da autora homenageada. Encerrando a programação, às 15h30, Liz Calder recebe os autores da Flip para lerem trechos de seus livros favoritos.

Ingressos começam a ser vendidos no final de junho.

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[05/06/2018 11:52:00]