Diários de Frankfurt: Rafaela começa a se despedir de Frankfurt
PublishNews, Rafaela Lamas*, 13/10/2017
Hoje, a nossa marinheira de primeira viagem conta como foi parar num jantar com chineses, de lá seguiu para um pub irlandês, onde foi confundida como uma francesa!

De quantos dias é feita uma semana e quantas horas tem um dia?

Se me perguntassem isso até ontem, eu responderia sem titubear: sete! vinte e quatro! E ainda ficaria sem entender o motivo de alguém perder o seu tempo fazendo perguntas como essas. Mas tudo indica que Frankfurt tem o poder de mudar ou abalar a estrutura de certas convenções.

Esses dois dias de feira foram bastante intensos e, em uma conta um tanto caseira, estimo que a quantidade de experiências e histórias que tenho para compartilhar preencheriam aproximadamente umas três semanas da minha vida cotidiana no Brasil. Mas vocês já devem imaginar que não vai dar para contar tudo aqui nesse diário, né?

Sabemos: um texto grande que não faça lá seus malabarismos para estar sempre chamando atenção não consegue carregar muitos leitores até o fim. Sabemos também: nesse exato momento são 2h da manhã de sexta-feira (13) de uma semana que, para mim, já teve aproximadamente 12 dias com alguns durando umas 35h.

Portanto, se disserem por aí que esse diário estava muito desinteressante, saiam em minha defesa! Podemos sempre usar da licença poética para agregar valor, algo como: ela quis tentar um estilo de escrita diferenciado desta vez...

Cenas de um (quase) jantar com editores chineses | © Rafaela Lamas
Cenas de um (quase) jantar com editores chineses | © Rafaela Lamas

E por falar em estilo diferenciado, vale mencionar que no meu primeiro dia de feira, depois de várias reuniões, muita andança pelos imensos pavilhões, coquetel de aniversário de 200 anos da HarperCollins Publishers, fomos a um jantar oferecido por uma (ou mais de uma, não sei exatamente quem pagava a conta) editora chinesa ao mercado.

Éramos editoras do mundo todo trocando cartões de visita, falando sobre o nosso trabalho, tomando cerveja e comendo pretzels. E essa última parte é tudo o que eu posso dizer do cardápio do evento, pois não ficamos para o jantar do jantar.

Nossa noite acabou num pub irlandês onde o garçom nos atendeu por um bom tempo pensando que éramos francesas e onde um grupo de 10 pessoas fazia uma rodada do seu Clube de Quizzes. Era como uma prova mesmo: todos tinham seu caderno de questões, estavam em total silêncio, mas dentro de um pub e supostamente se divertindo. Diferenciado, não?

A noite foi uma ótima pedida para desanuviar as ideias e abrir espaço para mais um dia de reuniões, propostas, oportunidades e encontros. Muito se engana quem pensa que estar aqui falando e pensando sobre livro o dia inteiro não é fazer nada além do que já fazemos normalmente em nosso dia a dia. Por mais que já estejamos um pouco acostumados a levar os livros conosco para todos os lugares, a rotina de uma feira como a de Frankfurt torna esse movimento um pouco menos natural e mais desgastante.

Estamos praticamente o tempo todo conversando em uma língua que não é a nossa, comendo uma comida que não é a nossa (mas que é maravilhosa, diga-se de passagem!), nunca dá pra saber se dizemos apenas “Hi”, se podemos passar para o aperto de mão, se o abraço é com um, dois ou três beijinhos. E ainda tem aquela palavra que some no meio da frase e você nunca mais consegue encontrar. Tem também o medo de não compreender bem ou de não ser bem compreendida, enfim; há uma tensão, por menor que seja, permeando esses encontros que estão, por natureza, repletos de expectativas.

Por essas e outras, como marinheira de primeira viagem, confesso que senti sempre aquele quentinho gostoso no coração quando encontrei gente conhecida pelos corredores e pavilhões imensos. O que, em momento algum, tornou menos instigantes, proveitosos e memoráveis os outros vários encontros que tive por aqui.

E agora que começo a pensar sobre todos esses encontros, vejo despencar a minha ficha sobre o que mais me marcou nesses dias de feira, mas já está tarde demais para falarmos sobre isso.

Hoje foi o meu último dia em Frankfurt, amanhã estarei no caminho de volta para o Brasil. De vocês me despeço na segunda, quando faço um balanço geral dessa expriência incrível. Até breve!

Confira mais alguns cliques do Diário de Rafaela em Frankfurt

Turma reunida no coquetel de 200 anos da HarperCollins | © Beatriz Alves
Turma reunida no coquetel de 200 anos da HarperCollins | © Beatriz Alves

No fim da quinta-feira, o encontro para o pretzel de todos os dias foi no estande do Brasil
No fim da quinta-feira, o encontro para o pretzel de todos os dias foi no estande do Brasil


Come-se bem na Feira de Frankfurt. Nesse dia, Rafaela optou por um sanduíche feito de salmão, que era assado ali, na frente de todo mundo, num braseiro | © Rafaela Lamas
Come-se bem na Feira de Frankfurt. Nesse dia, Rafaela optou por um sanduíche feito de salmão, que era assado ali, na frente de todo mundo, num braseiro | © Rafaela Lamas

Cena incomum e rara: Frankfurt com céu azul e ensolarado em plena Feira do Livro... | © Rafaela Lamas
Cena incomum e rara: Frankfurt com céu azul e ensolarado em plena Feira do Livro... | © Rafaela Lamas

O skyline de Frankfurt é conhecido como Mainhattan, uma referência ao rio Main, que corta a cidade, e à ilha de Manhattan, em NY | © Rafaela Lamas
O skyline de Frankfurt é conhecido como Mainhattan, uma referência ao rio Main, que corta a cidade, e à ilha de Manhattan, em NY | © Rafaela Lamas


* Rafaela Lamas, 25 anos, coordenadora do departamento de Direitos Autorais do Grupo Autêntica e Assistente Editorial na Autêntica Editora. Bacharel em Ciências do Estado pela UFMG e profissional do mercado editorial há três anos. À disposição para bater aquele papo sobre escrever certo por linhas tortas e tentar explicar coméqu’eu vim parar aqui.

[13/10/2017 07:04:00]