Seja consequente com seu livro
PublishNews, Paulo Tedesco, 11/01/2017
Em sua primeira coluna de 2017, Paulo Tedesco debate sobre alguns caminhos da divulgação de livros de autores autopublicados

Nada melhor do que falar da divulgação dos escritores ou autores para um início de ano. Pois é frequente a pergunta, entre as pessoas que se autopublicam, ou mesmo entre autores que mantém parcerias editoriais, sobre como agir para divulgar seu trabalho e assim ganhar espaço ou promover vendas.

Desde os meus primeiros artigos aqui no PublishNews, a melhor e mais adequada resposta foi a de que tudo depende da estratégia do autor para seu próximo título e carreira. Pois é o seu objetivo de vida e profissional que deve apontar o melhor a ser feito. Importante observar que um livro e um currículo autoral são, necessariamente, compromissos de longo prazo.

Até o autor atingir essa maturidade, porém, uma série de armadilhas lhe tomarão tempo e dinheiro, e possivelmente trarão frustração e desânimo. O índice de percalços é usualmente alto e sempre vem associado à instabilidade eterna do país, o que faz com que a arte literária acabe cedendo espaço a outras atividades e encerrando carreiras de forma precoce ou despropositada. Não à toa que, com frequência, escritores com antigos sucessos ou de carreiras nem tão longevas, a certa altura se dizem vencidos e abandonem o ofício.

E já que estamos no início do ano, vamos analisar algumas opções de “divulgação” de um novo título. Uma das sugestões mais repetidas é o uso dos tais livros gratuitos de leitura aberta no formato digital. Na minha opinião, deveria ser um dos primeiros itens a ser banido do mercado. A leitura gratuita e indiscriminada não promove novos leitores tampouco alavanca vendas, e pode, no máximo, e num prazo bem dilatado, proporcionar alguma intimidade do leitor com o escritor e sua obra, o que nem sempre resulta em compra ou referência literária.

Também temos os tais anúncios em redes sociais, tão fáceis de serem veiculados e criados como enganosos e nada funcionais. O índice de retorno de anúncios no Facebook – para ficarmos na mais conhecida das redes –, é de 3%, e isso para produtos de grande aceitação, o que certamente não se dá com livros de autores independentes ou de editoras pequenas e médias. Portanto, para sonhar com retorno de anúncio em Facebook, tem-se que investir muito e ainda assim esperar um retorno quase que impalpável.

Há, por outro lado, a antiga estratégia do envio de exemplares a formadores de opinião, na esperança de que esses repercutam, de alguma maneira, sua obra. Esse método, que já foi válido nos tempos dos jornalões e dos críticos literários, quando o mercado estava baseado em máquinas de escrever e o público buscava informação basicamente em rádios e jornais, acabou, e sem recurso, ou seja, não volta mais.

Mas há boas escolas de marketing e administração, como há também cursos na Escola do Livro e outras promovendo e discutindo as possibilidades de se posicionar um livro no mercado. Além desses, temos a salutar e inteligente troca de ideias nas redes sociais que, por enquanto, ainda são gratuitas e também através de nossas amizades nas oficinas de escrita criativa. Logo, a melhor resposta para a divulgação, hoje, é que precisamos estudar aonde queremos chegar e como podemos financiar esse caminho, mas somente num segundo momento é que se pode se permitir exageros como anúncios pagos e livros gratuitos.

[11/01/2017 10:41:00]