E toca o telefone 12
PublishNews, Marisa Moura, 25/11/2016
Marisa Moura dá continuidade à saga da funcionária misteriosa que atende o telefone na agência literária fictícia

Há exatamente doze meses, Marisa Moura começou a contar a história de uma funcionária misteriosa que trabalha numa agência literária fictícia. Já ligaram para ela autores já renomados, autores em início de carreira, aspirantes de autores e editores cujo ego é maior do que o império que ele construiu. Agora, quem liga é uma escritora que divide seu tempo entre escrever seu novo livro, mandar e-mails (no último semestre já foram nada mais, nada menos do que 400 mensagens trocadas) e, claro, telefonar para a agência:

— Agência literária.

— Oi, como vai você?

— Bem e você?

— Estou bem sim, produzindo muito. Tenho conseguido escrever três horas por dia.

— Nossa, isso deve dar um monte de livros.

— Tomara que dê.

— A agente está?

— Acabou de entrar em uma reunião.

— Você sabe se vai demorar?

— Essa acho que vai sim. Pois fechou a porta, pediu água, café e biscoitos. Por que?

— Queria tanto falar com ela...

— Tenta por e-mail. Tentou?

— Sim, por e-mail falo sempre com ela. Já trocamos mais de 400.

— Nossa, quantos? Tudo isso no último mês?

— Em um mês é quase impossível.

— Ufa.

— Foram 400 e-mails em um semestre. São quase três e-mails por dia.

— Você escreve para ela, três vezes por dia?

— Sim.

— E quando consegue escrever três horas?

— Escrevo sempre a noite. Bom, avisa ela que liguei, e, por favor, pede para retornar.

— Falo sim.

— Bip, bip.

— Só porque ela quer. Depois de ler os e-mails dela três vezes por dia, ainda, vou fazer a agente falar com ela por telefone. Ela devia era escrever oito horas por dia para dar paz a agente.

[25/11/2016 08:00:00]