Conselhos para autores em busca de agente
PublishNews, 08/05/2015
Shatzkin dá dicas de como escolher um agente literário

Até a semana passada, eu não tinha parado para pensar com que frequência estou aconselhando autores a como enfrentar o mercado editorial. Eu imagino que isso é algo que a maioria de nós, que está na indústria, fazemos com frequência. Existem, afinal, muitos aspirantes a escritor no mundo e quando é um amigo, ou amigo de um amigo, eles sempre nos perguntam. E você tenta ajudá-los.

Como escrevi em um post de abril, tinha assumido até recentemente que um autor não poderia fazer mal a si mesmo se autopublicasse seu trabalho como uma forma de encontrar um agente ou um editor. Quando um agente que conheço e respeito contou a um autor que mandei a ele que era muito difícil vender a editoras livros já autopublicados, fiquei chocado. Enviei uma pergunta a uma longa lista de agentes e a opinião de consenso que me responderam era que as editoras realmente não gostam de livros que já apareceram no mercado. (Os resultados desta pesquisa serão analisados em um post futuro.)

Apesar de todos conhecermos as histórias de livros autopublicados que explodiram em uma editora (50 tons de cinza como o exemplo mais óbvio), parece que a maioria dos agentes acha que a maioria das editoras vê o histórico de publicação anterior como um desafio. Se o livro não foi bem, eles não atribuem a um marketing pobre ou não existente. E se foi bem, eles às vezes se perguntam se a audiência do livro já foi coberta.

Obviamente, há tanto agentes quanto editores que não acham isso, mas fiquei surpreso ao descobrir que muitos pensam assim.

Eu nunca aconselharia um autor sobre as técnicas para autopublicação. Não é o que eu sei e há muitas pessoas, começando com nossa amiga Jane Friedman, que se especializou nisso (apesar de que ela sabe como encontrar agentes e sobre publicação tradicional também). Mas há muito tempo tenho uma fórmula de como recrutar um agente que apresento quando perguntado.

É preciso assumir que o aspirante a autor está começando do zero: eles têm um manuscrito completo ou em desenvolvimento e precisam começar a bater nas portas dos agentes. O que sugiro – não é nada difícil, mas a maioria dos escritores não sabe – é usar a base de dados do Publishers Marketplace para encontrar quais agentes devem ser procurados.

O PM tem uma base de dados de acordos, então dá para ver quais livros foram vendidos por quais agentes a quais editores e saber a que preço. Isso significa que um aspirante a escritor pode procurar livros do mesmo tipo ou gênero que ele quer vender, encontrar os editores que estão contratando este gênero e os agentes que estão aceitando. Isso não só dá ao autor uma ideia das pessoas corretas, como também dá uma “apresentação correta” que vai interessar ao agente. “Estou escrevendo porque tenho um livro que combina com o seu perfil de contratações que encontrei no Publishers Marketplace.”

Claro, conheço dezenas de agentes pessoalmente. Mas raramente sei o que estão procurando, que tipo de autor seria bom para eles. Tenho um amigo em particular que dirige uma grande agência e por quem tenho muito carinho. Então, geralmente, se conheço alguém que é um escritor bom e competente, eu envio para ele. Mas é uma resposta negligente. Acho que não tenho uma forma pessoal de distinguir entre as dezenas de agentes que conheço. É por isso que envio pessoas aos bancos de dados no PM. Conto a meus amigos escritores que se reduzirem suas buscas e me falarem quem escolheram, posso apresentar, se ele estiver no meu círculo de conhecidos. Mas posso ajudar até aí.

Na semana passada, ofereci conselhos a uma autora extremamente amável e seu marido com tino comercial. A autora é Geraldine DeRuiter, que tem um blog muito popular chamado The Everywhereist onde escreve sobre viagens (e muitas outras coisas). Fomos apresentados por seu marido, Rand Fishkin, que é um importante pensador sobre buscas e o criador e dono de Moz Analytics e Moz Research Tools, especialista em otimizar a presença das pessoas através do Google.

Meu sócio na Logical Marketing, Pete McCarthy, há muito admira Rand. Além de ser o criador do Moz, ele é um blogueiro prolífico cujos posts mostram como ele é muito generoso no compartilhamento de seu conhecimento e perspectiva. Como estamos trabalhando em uma ideia de negócio na qual achamos que Rand poderia fornecer ideias úteis, Pete o procurou. Como Rand é um cara muito legal, dedicou uma hora para dar grandes conselhos de graça. Durante este momento, descobrimos que sua esposa, Geraldine, tinha um livro que estava tentando vender. Tudo que eu sabia era que tinha algo a ver com viagens e que ela tinha um ótimo blog. Nem sabia seu nome. Mas sabíamos que estava procurando um agente e queríamos devolver o favor que Rand tinha acabado de nos fazer.

Então falei com um excelente editor de viagens que conheço e pedi uma sugestão de agente. Ele me deu um nome, um agente de San Francisco e, por acaso, uma pessoa que conheço bem. Como Rand e Geraldine estão em Seattle, achei que valia a pena passar o contato e me ofereci para apresentá-los. Foi quando comecei a descobrir como até pessoas inteligentes têm problemas em descobrir como funciona nosso mercado. E fui forçado a aprender porque Rand e Geraldine fizeram perguntas sobre afirmações que eu tinha feito que, no final, exigiram no mínimo alguma explicação e talvez até certas reconsiderações.

Primeiro, falei a Rand que tinha um agente para apresentar a Geraldine se ela quisesse entrar em contato com ele. Rand me colocou em contato com sua esposa. Geraldine disse que, sendo de Seattle, não tinha problema se fosse alguém de Nova York ou de San Francisco. Mas, ela acrescentou, já tinha entrado em contato com alguns agentes em Nova York. Alguns tinham respondido. Outros, não. Então, ela primeiro queria saber, isso é comum? Os agentes costumam não responder?

Eu respondi:

Há TANTOS agentes que é extremamente difícil generalizar com precisão sobre eles. A única generalização bastante universal é que lidar com escritores que eles (ainda) não representam é a parte mais fraca do trabalho. E deveria ser assim. O que eles realmente FAZEM é trabalhar para os escritores que já representam e os seguimentos que são importantes para eles ao redor de acordos para criar projetos.

Eu não assumiria nada dessa falta de respostas, nem mesmo alguma indicação de competência. E, sim, acho que não responder deve ser algo muito comum.

Você só precisa de um agente. Não há motivo nem do seu ponto de vista nem do deles que um escritor entre em contato com muitos. Você precisa se sentir muito confortável com quem escolher, mas eu não tentaria entrar em contato com mais de dois ou três ao mesmo tempo, no máximo. Se você tiver algumas indicações positivas de pessoas com quem já se conectou, obviamente deve mantê-los até tomar uma decisão. Mas não deve ter nenhuma necessidade de “perseguir” neste caso. Se você tem agentes que já indicaram que querem representá-la, eu ficaria com este grupo por enquanto. Você deve verificá-los no Publishers Marketplace ou me perguntar sobre eles e eu posso saber algo.

Rand me retornou perguntando sobre uma afirmação.

Eu tenho outra pergunta – está dizendo/sugerindo que não importa tanto a capacidade dos agentes na hora de ajudar a conseguir um bom acordo com uma boa editora? Que eles são (quase ou um pouco) intercambiáveis? E, portanto, que ela não deveria se preocupar muito com pedigree, experiência ou agência, e preocupar-se mais com o conforto ou o ajuste pessoal que sente com o agente?

Nem tinha pensado no meu próprio conselho desta forma, mas sempre ressaltei aos autores sobre a importância de sentir-se confortável com um agente. Então, falei a Rand:

Bem, há definitivamente níveis de capacidade. Não são a mesma coisa. Eu definitivamente verificaria um agente no Publishers Marketplace e teria certeza de que fizeram acordos com editoras que são importantes para você (e dá para tirar conclusões a partir do banco de dados de acordos no PM também). Você pode me perguntar e talvez eu saiba algo sobre seus trabalhos, ou até conhecê-los pessoalmente. Mas, sim, em geral acho que ter alguém com quem você se sinta confortável é a melhor forma de escolher.

Esta é a realidade. Aqui estão as cinco maiores editoras. Há provavelmente 500 editores para conhecer ali. Há dezenas de editoras pequenas. Há dezenas de significativas agências em Nova York e Londres, e ainda há agentes independentes que podem conseguir acordos significativos. Então, talvez você não queira os agentes que estão no alto da curva porque seu livro não é grande o suficiente para atrair a atenção deles. Você não está na “cauda longa”, mas tampouco é um best-seller. Mais provavelmente está no meio.

Há MUITOS agentes que tem acesso suficiente para conseguir vender seu livro. A coisa mais importante é que eles se importem e que estejam dispostos a serem persistentes. A química pessoal é a melhor garantia disso.

Por falar nisso, eu mesmo já fui um pouco agente, inclusive dos seis livros que escrevi, mas também de vários outros nas últimas cinco décadas. Mas eu nunca faria isso hoje. A indústria se tornou mais corporativa e estruturada. Até os editores que são meus amigos e me conhecem há muito tempo saberiam que sou um agente novato. Os editores contam com os agentes para que sejam guias confiáveis das carreiras dos escritores. Eles preferem os verdadeiros profissionais por muitas boas razões.

O mesmo agente não é igualmente bom para todo livro que apresenta. O entusiasmo importa. Ter fortes conexões com três editores que simplesmente amam este livro é importante. Ter crença de que Geraldine pode ser treinada como uma prolífica autora com o tempo, também pode ser importante. Em outras palavras, o agente que conseguiu os melhores acordos, por mais dinheiro, no ano passado, pode não fazer um acordo melhor para Geraldine.

E toda essa incerteza é o motivo pelo qual eu escolheria o agente com quem me sentisse melhor.

Rand me respondeu isso:

“Isso faz muito sentido – obrigado, Mike. Gostaria que esta informação fosse mais fácil de ser encontrada na web – estive pesquisando bastante nos últimos meses enquanto pensávamos nisso, e não apareceu nada tão crível ou sensível quanto a resposta que você acabou de nos mandar. Mostra que, em algumas buscas, o Google não é tão bom assim”.

E olha que Rand Fishkin é o mestre quando se trata de encontrar coisas no Google. E Geraldine DeRuiter construiu uma extraordinária base de seguidores (ser casada com o Rei das Buscas deve ter ajudado), escreve muito bem e está atrás de um agente para seu livro com seriedade e de forma calculada. O fato de que tudo isso poderia ser útil para eles foi um pouco surpreendente para mim.

Novamente, talvez não deveria ter sido. Este é outro exemplo de como o mercado é granular: tantos editores, tantos agentes e o ainda maior número de aspirantes a autores. Na verdade, eles são diminuídos pelo número de aspirantes a autores competentes que existe. Escrever é demorado. Ler é demorado. Editar é demorado. Desenvolver um projeto é demorado. Ninguém é pago até que uma editora leia o manuscrito e tome a decisão de comprá-lo. Não é difícil entender por que tantos autores decidem se autopublicar. Mesmo com as melhores técnicas e as pessoas com contatos na indústria para ajudar a fazer apresentações, encontrar um agente não é algo fácil.

Rand e Geraldine sugeriram que eu resumisse o conselho que estou oferecendo em tópicos:

- Se o seu objetivo é conseguir um agente para depois conseguir uma editora, pense duas vezes antes de autopublicar.

- Aprenda a usar as ferramentas na Publishers Marketplace para encontrar os agentes que vendem livros como o seu

- Seja persistente

- Tudo bem tentar mais de um de cada vez, mas não perca seu tempo ou o deles procurando muitos de uma vez

- Depois que você encontrou os agentes certos, faça sua seleção entre eles baseado em química pessoa

- Espere que o processo demore

Talvez agora que este texto pode ser encontrado no Google, este poderá dar bons resultados para esta pergunta.

Falei com alguns dos escritores que aconselhei no passado para ver se eles tinham algum outro conselho para me dar! Recebi boas ideias de dois deles para adicionar a este post.

Um sugeriu um site chamado authorquery.com, que é, na verdade, um diretório de agentes literários com ênfase nos que estão procurando novos clientes. Poderia ser uma ferramenta útil em conjunto com Publishers Marketplace.

O outro afirmou que, hoje em dia, seu agente é seu primeiro editor e todos os escritores precisam de um editor. Ele falou que seu manuscrito deveria voltar do agente bastante marcado e com muito trabalho a ser feito. O conselho dele era tomar cuidado com um agente que não começa dessa forma. Este escritor teve uma longa carreira como editor de revistas, por isso respeita muito o valor de uma olhada editorial independente.

Tradução: Marcelo Barbão

[07/05/2015 21:00:00]