As muitas estrelas da Digital Book World 2015
PublishNews, 07/01/2015
Em sua coluna de hoje, Shatzkin conta como será a DBW - Digital Books World

Metade da conferência DBW - Digital Book World [que começa na próxima semana, em Nova York] vai acontecer no palco principal para todos os presentes. Os palestrantes de 2015 compreendem o grupo mais ilustre que já tivemos. O ponto central é que conseguimos trazer palestrantes da Amazon e da Apple para nosso palco principal – algo que nenhuma outra conferência no mercado editorial já conseguiu fazer –, mas já estaria me sentindo orgulhoso desse programa mesmo se as duas empresas não estivessem! Além do varejo, temos três autores best-sellers, três executivos importantes de editoras (quatro se contarmos que o CEO da F+W, David Nussbaum, vai fazer o discurso de abertura), três especialistas em dados e dois líderes de indústrias próximas.

O programa vai começar com uma apresentação do autor de best-sellers Walter Isaacson, cujo livro mais recente é The innovators. Isaacson escreveu biografias importantes de Benjamin Franklin e Steve Jobs nos últimos anos, com muita repercussão no mercado editorial. Seu livro mais recente fala sobre a revolução digital em geral, o contexto em que ocorre a mudança no mercado, que é o tópico da DBW. Estabelecer contexto é sempre uma boa fomra de começar e é o que Isaacson vai fazer, sem dúvida.

Descobrimos o investidor em educação e tecnologia Matthew Greenfield durante o planejamento da DBW 2015 e pensamos que nossa audiência iria concordar que foi uma grande “descoberta”. A empresa de Greenfield, Rethink Education, investe em start-ups, que ele divide em três grupos: as que entregam livros aos leitores e conteúdo para uso em escolas; as focadas em leituras curtas, como notícias, e as que se relacionam com a escrita, o que provavelmente inclui coleções de leituras para ajudar a desenvolver escritores. Como o campo de tecnologia para educação tem muito a ver com criar novas plataformas cujo conteúdo é consumido em escolas e faculdades (assim como acrescentando valor com contexto e avaliações), ele vai incluir explicitamente conselhos para editores que vendem seu conteúdo para uso educativo e acham cada vez mais necessário vender através destas plataformas. Greenfield também faz algumas especulações interessantes sobre para onde vai a tecnologia educacional e o que podemos esperar ver em quem mais ameaça as editoras: a Amazon.

Não é possível tentar entender o futuro do mercado editorial sem conhecer o novo fenômeno do “marketing de conteúdo”. Então procurei o Fundador do Instituto de Marketing de Conteúdo, Joe Pulizzi, para que mostrasse um pouco de seu conheciento para os editores de livros. Comecei pensando que o negócio de marketing de conteúdo poderia ser bom para nosso conteúdo, mas ele me esclareceu bem rápido: esta não é a sinergia mais provável entre o que ele sabe e o que precisamos. Na verdade, Pulizzi é um especialista em como usar conteúdo para conquistar o consumidor e faz isso para organizações e marcas que precisam pagar para criar este conteúdo. Claro, nós, no mercado de livros já temos muito conteúdo e estamos prontos para ter acesso a mais dentro de nossas equipes e redes existentes. Nesta apresentação, Pulizzi vai falar sobre como podemos usar conteúdo para ganhar o consumidor e clientes leais para quem podemos fazer o marketing diretamente (pensando verticalmente). Tudo que Pulizzi falar provavelmente vai provocar questões nos editores, por isso também demos a ele uma sessão de grupos para aqueles que quiserem ouvir mais e interagir com ele.

A primeira CEO de editora a subir ao palco será Linda Zecher da Houghton Mifflin Harcourt. Zacher dirige uma empresa que é grande no mercado educativo, mas possui livros na lista dos mais vendidos também, então é a única CEO que atinge estes dois segmentos editoriais. Ela também possui talentos raros para uma executiva do mercado editorial, já que vem da tecnologia (em seu caso, da Microsoft). Esta entrevista com Michael Cader vai focar nas lições aprendidas do lado educacional que poderiam ser precursores dos ajustes que as editoras gerais também terão que fazer.

O seguinte será James Robinson, Diretor e Analista de Notícias do The New York Times. Robinson é, na verdade, o tecnólogo do Times na redação. Ele proporciona a visão que escritores e editores precisam para entender quem são seus leitores e, claro, não são os mesmos para todas as matérias. Ele também quer garantir que o máximo de pessoas possível veja cada história relevante, mesmo que seja uma surpresa para os leitores. Nem é preciso dizer que Robinson tem um background incrível. Ele passou vários anos trabalhando comigo na The Idea Logical Company antes de obter um Mestrado na NYU estudando com o importante líder, Clay Shirky. A forma como ele pensa em conteúdo e audiências para The Times contém lições para editores de não ficção e talvez para editores de ficção também.

A primeira manhã nas apresentações do Palco Principal vai terminar com Cader e comigo entrevistando Russ Grandinetti, SVP, Kindle, na Amazon. Grandinetti é um executivo articulado e direto que está com a Amazon desde o começo e que cuidou do Kindle desde sua criação. Com a Amazon sendo considerada a mais poderosa e perturbadora força no mercado editorial, todos estamos interessados em ouvir o que ele pensa sobre o futuro dos livros impressos versus digital, livrarias versus compras online, e quanto vão crescer os programas editoriais e de assinaturas da própria Amazon.

A segunda manhã vai começar com Michael Cader entrevistando o guru de Internet e de marketing Seth Godin sobre o assunto: “o que vem depois?” Godin, que viu – e escreveu sobre – a importância de construir marcas pessoais e listas de e-mails no começo da era da Web, é um bem-sucedido autor de livros que acompanha há várias décadas como as editoras funcionam e fazem marketing. Nesta conversa, ele vai dar conselhos intuitivos e lógicos que muitos podem seguir. Qualquer um que já ouviu Godin falar sobre “marketing de permissão” há 20 anos e seguiu seu conselho, agora possui uma enorme lista de e-mails, que é um bem valioso de marketing. Com certeza todos os editores sairão desta sessão com algumas novas ideias para aplicar.

Em seguida, para uma entrevista comigo, estará o CEO Brian Murray da HarperCollins. Sob a direção de Murray, a HarperCollins se estabeleceu como a segunda editora em língua inglesa no mundo. Duas recentes aquisições, a editora cristã Thomas Nelson e a editora de romances Harlequin, criaram fortes bases para desenvolver grandes comunidades verticais. Além disso, a Harlequin tinha uma infraestrutura global que a HarperCollins está usando como base para construir sua própria presença global – e não apenas em língua inglesa. Murray vai discutir como estas aquisições posicionam estrategicamente a HarperCollins para competir com a Penguin Random House, bastante maior, e construir a capacidade de chegar a novos leitores, além dos que conseguem através da Amazon, Barnes & Noble, e um número cada vez menor de parceiros no varejo.

Nos últimos anos, os ebooks foram tomando espaço dos impressos no mercado, chegando a provavelmente uns 25%. Mas isso não é distribuído de forma igual por gênero ou tipo de livro. Jonathan Nowell, o CEO da Nielsen Book, vai nos ajudar a entender como a mistura do que é vendido como impresso mudou como resultado desta situação. Entender como realmente anda o mercado de impresso vai ajudar editoras e livrarias a planejar o futuro, no qual veremos provavelmente menos livros impressos no geral, mas não em todas as áreas.

Ken Auletta da The New Yorker cobre tanto a indústria de conteúdo quanto a tecnológica há várias décadas. Ninguém entende melhor do que ele como funcionam as empresas nos dois setores – incluindo suas culturas. Entre seus cinco best-sellers está “Googled: The End of the World as We Know It”. Auletta vai falar sobre “Publicar no Mundo dos Engenheiros” e como as empresas de conteúdo menores se unem a seus novos parceiros que vêm do mundo da tecnologia. O choque cultural entre fornecedores de conteúdo há muito estabelecidos e as empresas de tecnologia que valorizam muito a “ruptura” é um tema que interessa a todos e Auletta certamente vai falar um pouco disso.

Hilary Mason é uma especialista em dados que afiou seu talento em análise durante o tempo que passou na Bit.ly. Mason passou anos aprendendo sobre indivíduos através do comportamento online deles. Nesta conversa, ela vai contar aos editores o que aprendeu sobre como conhecer indivíduos e audiências e como usar estas ideias para acumular interesse e afetar comportamentos. Como Pulizzi, antecipamos que Mason vai criar muitas questões nos participantes que vão querer aprofundar a discussão sobre seus interesses particulares. Então também demos uma sessão de grupo para ela à tarde, onde os que mais se interessarem podem explorar como usar dados e análise de forma eficiente.

Judith Curr é presidente e publisher do selo Atria da Simon & Schuster. Ela sempre teve admiração por empreendedorismo e há muito tempo autores independentes a atraem como editora. (Ela lembra que Vince Flynn começou como escritor autopublicado.) Assim Curr fez alguma pesquisa e tentou descobrir como fazer do seu selo um lugar no qual um autor independente quisesse estar. Nesta conversa, outros editores que veem a importância de trabalhar com autores que querem fazer eles mesmos o marketing, dirigir suas carreiras e publicar mais rápido (ou mais curto) do que o processo convencional, podem aprender de suas ideias e experiências.

A atividade no palco principal vai concluir com uma entrevista de Michael Cader com Keith Moerer, que dirige a iBooks Store da Apple. A iBooks Store se estabeleceu como a segunda maior vendedora global de ebooks e possui planos ambiciosos de crescimento. Nunca tivemos a sorte de recebê-los na programação da DBW antes. Ficamos muito felizes de sermos capazes de fechar o dia no palco principal com a Amazon e com a Apple, dando aos editores a chance de ouvir as duas maiores livrarias do mundo.

Não falei neste post nem no anterior que nas sessões de grupos da DBW estará o excelente programa Launch Kids organizado por nossa amiga e frequente colaboradora, Lorraine Shanley da Market Partners International. O mundo dos livros juvenis e jovens provavelmente é o que mais vai mudar entre todos os segmentos editoriais e há legiões de atores, além dos que vemos no mercado editorial, trabalhando para isso. Lorraine juntou vários deles — nomes familiares como Google, Alloy, Wattpad e Amplify da NewsCorp, além de inovadores como Kickstarter, Speakaboos, Paper Lantern Lit, I See Me e o novo sucesso da Sourcebooks, Put Me In The Story. Se publicar para jovens está no seu radar, você vai querer planejar ficar nos três dias conosco e começar com Launch Kids no dia anterior ao começo da DBW 2015.

Através da seção de comentários deste blog, conheci Rick Chapman, que é um escritor autopublicado de livros sobre software (e, agora, algo de ficção também). Os comentários de Chapman no blog foram tão inteligentes que eu o chamei para falar em um painel na DBW (citado no último post). Ontem, Rick publicou este artigo desafiando a sabedoria convencional de que a Amazon é a melhor amiga do escritor independente. Ele até começou uma pesquisa com autores independentes para reunir dados para sua apresentação na DBW. Independente do que pensemos sobre a Amazon, o post de Chapman é provocador e interessante. Se você ler o post, provavelmente vai querer vê-lo em seu painel na DBW.

[Mike Shatzkin é presidente da conferência DBW - Digital Book World, marcada para acontecer entre os dias 13 e 15 de janeiro, em Nova York (EUA). O PublishNews é media sponsor do evento e os seus assinantes têm desconto especial na inscrição. Para garantir o direito ao desconto, basta informar o código PNDBW15 no ato da inscrição].

Tradução: Marcelo Barbão

[06/01/2015 22:00:00]