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Mesmo um trabalho, que parece diversão, merece ser remunerado
PublishNews, 02/09/2013
Uma organização alemã acaba de realizar uma enquete sobre a situação da ilustração e apresenta conclusões nas áreas de trabalho, remuneração e sobre a satisfação dos ilustradores no país

Por Sabrina Gab

Ilustrações influenciam as nossas vidas. Elas chamam nossa atenção para um determinado assunto, ou servem como explicação útil. Ajudam nossa imaginação a dar saltos. Na literatura infantojuvenil, são um instrumento poderoso de vendas, afinal temos os olhos acostumados com a mídia visual. Os ilustradores, que fizeram da tarefa de embelezar nosso mundo com imagens, têm que lutar para que o fruto de seu trabalho seja remunerado de forma adequada. Para Juliane Wenzl, da Diretoria Executiva da Organização dos Ilustradores em Leipzig, que conta com 1.300 associados: “Existe uma compreensão limitada de que aquilo que supostamente foi divertido fazer não merece receber uma remuneração”.

Direitos autorais e concessão de direitos de uso como importantes parâmetros

Ativa há 11 anos, a representante dos interesses dos ilustradores acaba de realizar uma enquete sobre a situação da ilustração na Alemanha e apresenta conclusões nas áreas de trabalho, remuneração e sobre a satisfação dos ilustradores na Alemanha.

Em relação àsatisfação com a profissão, pesam dois parâmetros: direitos autorais e concessão de direitos de uso. Segundo Wenzl, “a Organização dos Ilustradores é associada à Iniciativa dos Direitos Autorais, que reúne várias entidades de direitos autorais, empenhadas na manutenção das leis que regem estes direitos. A entidade tem voz ativa nos debates sobre direitos autorais na internet, trabalhos individuais e participação em possíveis mudanças nas normas“. Além disso a Organização dos Ilustradores posiciona-se em todos os setores do ramo do Conselho de Cultura. “Não cansamos de frisar que os ilustradores são autores de imagens, que recebem sua remuneração através da concessão de direitos de uso”, completa Wenzl.

O mercado de ilustração é mais difícil na Alemanha do que na França e nos Estados Unidos

Quando perguntados sobre a valorização de seu trabalho em comparação com o exterior, a França e os Estados Unidos são sempre mencionados pelos ilustradores como tendo condições mais favoráveis, tanto de mercado quanto de remuneração. A ilustradora berlinense Julia Friese disse: “Na França as editoras são bastante arrojadas e abertas a uma literatura infantil mais sofisticada. Há uma grande valorização de desenhos e livros ilustrados tanto para o público infantil quanto adulto”. Juliane Wenzl confirma que, tanto na França quanto na Bélgica, há liberdade maior de criação. Ela cita também a Suécia, como país onde a ilustraç goza de um bom incentivo e desfruta do sistema social sueco.

No que se refere à ilustração fora da Europa, Wenzl menciona os Estados Unidos como modelo. “Parece que nos EUA há uma infraestrutura para este mercado mais marcante do que na Alemanha. Lá há grandes conferências, que servem para incrementar o contato entre editoras, agentes literários e ilustradores”, comenta Wenzl.

O desenhista Reinhard Kleist tambémconfirma a dificuldade relativa para os ilustradores na Alemanha. O desenhista de quadrinhos diz que o costume visual alemão é o grande responsável, por exemplo, pela fotografia ser mais valorizada que a ilustração. Mas para Kleist e seus colegas autores de Graphic Novel é diferente, pois a Alemanha é atualmente um excelente local de trabalho nesta área. Segundo Kleist, “há dez anos a cena de quadrinhos alemã era mais sombria. Hoje muitas editoras estrangeiras se voltam para a Alemanha, pois sabem que ali acontece muita coisa.” Até editoras francesas se mostram extremamente interessadas nos desenhistas alemães – o Boxer de Kleist, por exemplo, ganhou o Grande Prêmio de Lion 2013 como melhor álbum. “Agora tenho livros em todas as partes do mundo – inclusive na China. Eu nunca teria imaginado isso em 2004”.

A internet permite um trabalho internacional aos ilustradores. É cada vez menos relevante a origem dos autores. Em tempos de rede internacional não faz sentido falar de tendências regionais. Por outro lado, segundo Wenzl, fica mais difícil avaliar o contratante, a infraestrutura e o uso em determinado país. O que fazer se um cliente da China não paga a conta? Como pode haver garantia jurídica para ilustradores alemães que trabalham no mercado internacional? “Estas serão algumas das questões que nos ocuparão cada vez mais no futuro”, esclarece Wenzl sobre as atribuições da Organização dos Ilustradores. Feiras como a Bienal do Livro Rio são um importante caminho para um encontro e conhecimento mútuo. Dia 7 de setembro às 15h30 no estande alemão, os ilustradores Ole Könnecke e Axel Scheffler, que vive e trabalha na Inglaterra, assim como seu colega brasileiro Roger Mello, falarão sobre ilustração na Alemanha, Inglaterra e Brasil.

A escala da remuneração vai desde ajuda social até cifras que chegam a seis dígitos

Na ilustração profissional, a remuneração varia muito. Alguns ilustradores, além de sua atividade para livros infantis e mídia de imagens, também trabalham como desenhistas de marketing para grandes empresas, para a indústria cinematográfica ou executam trabalhos como freelancers. Variam também a capacidade de negociar e tino comercial de cada um. Para Wenzl: “Muitos ilustradores investem corpo e alma no trabalho e esquecem que ilustrar é também uma profissão”.

Site da Organização dos Ilustradores: http://www.io-home.org

Sabrina Gab trabalhou como editora na Börsenblatt, o principal jornal do setor editorial na Alemanha. Atualmente trabalha como jornalista freelancer no Rio de Janeiro.

O negócio do livro na Alemanha vai bem – e é muito produtivo: cerca de 80 mil novos títulos são publicados todo ano, e as vendas geram um faturamento anual de 9,52 bilhões de euros. Mas quem são os atores no cenário do livro e do mercado editorial na Alemanha? Quais regras específicas se aplicam ao mercado alemão – do preço do livro ao Börsenverein? Em virtude da participação da Alemanha em 2013 como país convidado de honra na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, e do Brasil como país convidado de honra na Feira do Livro de Frankfurt no mesmo ano, a Feira de Frankfurt preparou uma série de artigos sobre o mercado editorial na Alemanha.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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