Diário de bordo
PublishNews, 31/07/2013
Parece que cada vez mais há feiras de livro e festivais de literatura imprescindíveis, que nenhum profissional que se preze pode perder

Às vezes, a vida de um agente literário significa ter muita viagem acumulada. E parece que cada vez mais há feiras de livro e festivais de literatura imprescindíveis, que nenhum profissional que se preze pode perder, mesmo se isso significa estar em três lugares ao mesmo tempo, marcar 60 reuniões de segunda a quarta e dar uma palestra na sexta, do outro lado do Atlântico. Socializar nos coquetéis à noite e levantar cedo na manhã seguinte, sem ressaca. Marcar café da manhã, almoço e jantar todos os dias, sem engordar jamais. Dormir bem e não pegar rugas além do jet lag. Levar a mala perfeitamente preparada para qualquer clima e ocasião.

Confesso que algumas destas coisas eu faço, e de fato viajo com certa frequência. Faz parte, e na verdade, é um dos lados mais legais da nossa profissão. Adoro ver meus autores no seu habitat, e eles, sempre tão cool, me convidam a lugares hip in town, e vou assim conhecendo um pouco melhor suas cidades, sobre as quais normalmente conheço tão pouco, por motivos de agenda apertada.

Na minha última viagem ao Brasil, quando passei por São Paulo, Rio e Paraty, alguns dos meus autores muito queridos entraram numa química entre eles, sem saberem, tecendo uma rede de aconchego para mim. No dia em que cheguei a São Paulo uma autora me propôs jantar no Mestiço e respondi que com prazer, só que já tinha almoçado lá com um outro autor no mesmo dia. Propôs o Spot – onde tinha jantado com o mesmo outro autor no ano passado. Propôs o Ritz – onde tinha almoçado com o mesmo outro autor em 2011. Vocês acreditam? Acabamos jantando em um lugar lindo e íntimo que não conhecia – para repetir no dia seguinte, não o lugar nem o bairro, mas sim o cardápio idêntico, no almoço, com outra autora! A recepção aconchegante não terminou aí, ela me mandou para Congonhas com o seu próprio motorista – conceito e circunstância que, como boa europeia, apesar de muitas visitas ao Brasil, só compreendi na segunda tentativa.

Depois desta experiência paulista, que me mostrou que “o mundo é um lenço”, como diriam os espanhóis - mas que poderia ser também "um jardim" -, fui ao Rio. Comi em casas e lugares diferentes, muito aconchegantes também, e fui depois para a Flip, onde também não repeti os locais de compromisso uma única vez. Incrível, não? Fui embora do país com dois efeitos secundários: a famosa saudade e uma inflamação nas cordas vocais, que agora estou tratando com aulas de logopedia, para estar em condições para a próxima viagem e, principalmente, para dar as boas vindas a 20 dos nossos autores brasileiros na feira de Frankfurt, que, como todo o mundo sabe, este ano convidou o Brasil para ser país de honra.

Leitores, vocês cruzam os dedos com a gente para que o evento seja um grande sucesso com efeitos duradouros?

[30/07/2013 21:00:00]