Barbeador, navalha e creme de barbear
PublishNews, 14/09/2012
Barbeador, navalha e creme de barbear

Esqueci meu barbeador na minha última viagem ao Rio, e não pude usar as 12 lâminas que tenho em casa. Então comprei uma nova na Drogasil ontem à noite. E como já estava lá mesmo, decidi comprar um creme de barbear. Se fiquei agradavelmente surpreso ao ver que a minha Mach-3 era mais barata no Brasil, fiquei chocado ao descobrir que meu creme de barbear da Gillette era dez vezes o preço dos EUA.

Do que o Greg está falando e o que produtos de barbear têm a ver com e-books?

É um clichê comum na área de negócios nos EUA dizer que ou você está vendendo barbeador ou está vendendo lâminas. Esta expressão surgiu quando o Sr. Gillette descobriu, em 1895, que dava para ganhar dinheiro vendendo bens dependentes a preços diferenciados – um bem é vendido com descontos, enquanto que o segundo bem dependente é vendido a um preço consideravelmente mais alto.

Certo, mas ainda não estou entendendo o que isso tem a ver com e-books.

Bom, para a Amazon, o Kindle é um barbeador movido a bateria. Eles (ainda) não distribuem de graça, mas vendem a quase preço de custo. O Sr. Bezos lançou seu Kindle a $359 e 5 anos depois, ele é vendido a $69, um desconto de 80% de seu preço original. Faz isso porque sabe que os donos do Kindle vão comprar muitas “lâminas” de conteúdo para o aparelho e mais do que compensar qualquer perda na fabricação do Kindle.

A Apple olha para o mundo de uma forma completamente oposta. Para eles, o conteúdo em si é um barbeador. Eles devolvem às editoras a maior parte (70%) da receita das vendas de e-books porque sabem que excelente conteúdo impulsiona a venda de aparelhos caros. Marquem minhas palavras, a Apple nunca vai ter preços menores do que a Amazon no hardware.

Para muitos, isso já é bastante aparente. Então vou apresentar um novo modelo a vocês. O modelo creme de barbear (Todos os direitos reservados – Greg Bateman 2012), onde uma empresa oferece bens a baixo custo para impulsionar vendas de bens independentes, mas bastante relacionados.

Não comprei o creme de barbear supercaro porque era o único compatível com meu barbeador, mas porque achei bastante conveniente fazer isso.

Quem promove este modelo? A Google. O Nexus 7 deles é parecido, em termos de especificações tecnológicas, ao Fire da Amazon, e é vendido ao mesmo preço. Graças ao projeto Google Books Library, os usuários podem carregar seu aparelho Nexus com milhões de e-books de graça. A Google recupera os custos significativos de hardware e digitalização com seu ecossistema de publicidade. Eles podem distribuir anúncios muito lucrativos onde você estiver, por estarem fisicamente próximos, saberem quem você é e do que você gosta.

Numa mudança estranha na história, a Apple comprou uma empresa de publicidade em celulares e a Amazon carregou seus aparelhos mais novos com ofertas especiais e anúncios patrocinados na tela de proteção.

Será que o creme de barbear será o futuro dos e-books?

Tradução: Marcelo Barbão

[13/09/2012 21:00:00]