E-books na educação: muito barulho por nada?
PublishNews, 31/08/2012
O livro digital e o mercado educacional

Está ficando chato começar a coluna pedindo desculpas pelo atraso. Mas quem trabalha com didáticos vai entender “ferpeitamente” o hiato do semestre passado, considerando a loucura que foi a produção digital para o PNLD 2014.

E o pior (ou o melhor) é que os assuntos não param de se acumular. Logo no início do ano, foi o lançamento do iBooks Author, anunciado pela Apple, como algo que iria revolucionar o livro digital didático.

Depois, vieram os congressos setoriais, que finalmente começaram a colocar o livro escolar em pauta – que, não canso de repetir, é responsável por cerca de metade do faturamento do mercado editorial brasileiro.

O primeiro deles foi o 3º Congresso do Livro Digital (CLD), que em maio trouxe o debate “O Livro Digital na Sala de Aula” – o qual acabou sendo a grande polêmica do evento. O segundo, agora em agosto, foi a Contec (Conferência de Tecnologia, Cultura e Alfabetização) – uma iniciativa inédita da Feira de Frankfurt, 100% dedicada a temas educativos.

Efeito PNLD

Não dá para dizer se foi o debate ou o “efeito PNLD”, mas este ano o número de editoras didáticas que mandaram representantes ao CLD aumentou 61% (de 31 para 50). Ainda segundo a assessoria da CBL, o total de congressistas em geral cresceu 13% (de 396 para 450).

Considerando que as maiores editoras mandaram várias pessoas (só de uma delas havia 23!), podemos até estimar que, desse total de 450 participantes, quase 20% eram do setor didático. A presença era tão notável que a coluna Babel, do Estadão, registrou o fato.


Muito barulho por nada?

Enquanto isso, lá fora, as pesquisas sobre e-books na educação ajudavam a deixar o segmento ainda mais agitado – e confuso.

Algumas, como a do consórcio Internet2 em cinco grandes universidades americanas, chegaram à conclusão de que os alunos ainda preferem usar livros didáticos impressos a digitais.

Outras, como a da Pearson Foundation, afirmaram que estudantes de ensino superior e médio nos EUA já preferem consumir livros didáticos e de entretenimento em seus tablets.

No Brasil, as iniciativas públicas continuaram a dar as cartas. Em abril, o governo estadual de São Paulo encomendou estudos técnicos para o desenvolvimento do Projeto Aula Interativa, a ser implementado por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada).

O projeto é ambicioso: abarca não só o conteúdo digital mas toda a infraestrutura técnica (hardware, manutenção etc.) e de formação de professores (com exigência mínima de 200 horas) durante dez anos.

E agora, José?

Enquanto o próximo edital do PNLD e o resultado dos estudos técnicos não saem (a previsão para ambos é setembro), e enquanto as pesquisas não chegam a um consenso, vale relembrar o conselho de Young Suk Chi (presidente da International Publishers Association) na abertura do Congresso do Livro Digital:

“Não coloque todos os ovos na mesma cesta. Vivemos em um mundo onde vários modelos de negócios estão sendo testados, onde os editores devem experimentar e não ficarem presos a um único modo de vender conteúdo. Temos de fornecer a informação certa para a pessoa certa no contexto certo, e fazer essas três coisas ao mesmo tempo”.



Até a próxima,

@gabidias


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[30/08/2012 21:00:00]