Amazon contrata executivo no Brasil
PublishNews, Roberta Campassi, 05/01/2012
Mauro Widman, que trabalhava na Livraria Cultura, cuidará do Kindle no país; plano é iniciar venda de e-books no primeiro semestre

A Amazon, maior varejista virtual do mundo, finalmente contratou um executivo para preparar a sua entrada no mercado de e-books no país, com a pretensão de iniciar a operação brasileira ainda no primeiro semestre de 2012. Mauro Widman, que trabalhou por um ano e meio na Livraria Cultura, onde estruturou a área de e-books, começa seu trabalho como gerente do Kindle da companhia americana na segunda-feira, dia 9.

Widman passará o mês de janeiro em treinamento na sede da Amazon, em Seattle, no Estados Unidos. Em fevereiro, a empresa deve se apresentar oficialmente aos editores brasileiros para então iniciar um período de negociações firmes com cada uma – a princípio, só para a venda de e-books, não livros físicos. O desafio de Widman será fechar os acordos entre a varejista e as editoras brasileiras, trabalho que ele desenvolvia na Cultura. A rede de livrarias brasileira já tem um novo responsável pela área de e-books. Érico Nunez, que trabalha na Cultura desde 2001 e desde agosto passado cuidava de questões comerciais do segmento digital, assumiu nesta semana o posto no lugar de Widman.

A Amazon já tentou fechar negócios com editoras brasileiras ao longo de 2011, mas não conseguiu. Segundo fontes do mercado, a varejista iniciou conversas com várias casas buscando descontos altos – no jargão do setor, desconto é a parte do valor do livro que fica com o varejista –, entre 50% e 70%, quando a média dos descontos praticados no caso dos e-books, no Brasil, é de cerca de 35%. As editoras teriam resistido e a Amazon acabou fechando o ano de mãos vazias.

Em entrevista ao PublishNews, Widman disse acreditar que as negociações em 2012 serão “muito abertas” e com “condições vantajosas para as editoras, em relação ao que tem sido praticado no mercado” – é algo a se observar nos próximos meses.

O lado técnico da operação da Amazon, por sua vez, é dado como resolvido, pois a empresa já tem a tecnologia necessária para operar sua loja de e-books e conta com uma equipe de engenheiros que está trabalhando para adaptar sua plataforma para o português.

A varejista vinha procurando um executivo no Brasil desde maio do ano passado. Nesse meio tempo, o Google também manteve conversas com editoras e correu atrás de profissionais brasileiros para colocar em pé seu negócio de e-books. Acabou contratando Newton Neto, ex-executivo da Singular, e em dezembro apresentou oficialmente aos editores brasileiros seus serviços. Até onde se sabe, ainda não firmou acordos, mas pretende lançar sua loja de livros eletrônicos no Brasil neste ano.

Não está claro se a Amazon vai simultaneamente entrar no segmento de e-books e lançar no país o Kindle, o aparelho de leitura que é um fenômeno de vendas e o responsável por popularizar os e-books nos Estados Unidos nos últimos anos. O fato é que, em outros países, como na Itália e na Espanha, a Amazon começou a vender os e-books e o aparelho ao mesmo tempo – faz todo sentido, uma vez que os livros digitais vendidos por ela só podem ser lidos no Kindle. No Brasil, a companhia estuda a opção de importar os dispositivos ou fabricá-los aqui.

A expectativa é que, quando chegar, o Kindle se transforme no e-reader mais barato disponível em território brasileiro – a sua versão mais simples custa US$ 79 nos Estados Unidos, ou cerca de R$ 145. Com isso, a leitura digital poderia ganhar um forte impulso.

Nos países em que opera, as vantagens da Amazon em relação aos concorrentes, pelo menos do ponto de vista do consumidor, costumam ser preços muitas vezes menores e um processo de compra mais simples e fácil. A varejista tem lojas virtuais nos Estados Unidos, Espanha, Itália, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Japão, França e China.

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[05/01/2012 01:00:00]