Três editoras brasileiras entre as maiores do mundo
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 20/06/2011
Pesquisa ouviu editoras com faturamento acima de 150 milhões de euros e pela primeira vez incluiu o Brasil

Pela primeira vez desde 2006, quando a consultoria Rüdiger Wischenbart Content and Consulting começou a analisar sistematicamente o mercado internacional de edição de livros, empresas brasileiras foram incluídas no Ranking Global do Mercado Editorial, divulgado agora e que será tema de uma mesa na Feira do Livro de Frankfurt, em outubro. No total, 58 editoras ou grupos editoriais com faturamento acima de 150 milhões de euros abriram seus dados à equipe de Rüdiger. Juntas, elas faturam 56 bilhões de euros. A metade desse valor fica, no entanto, nas mãos das primeiras 10 empresas da lista: Pearson, Reed Elsevier, ThomsonReuters, Wolters Kluwer, Bertelsmann, Hachette Livre, McGraw-Hill Education, Grupo Planeta, Cengage Learning e Scholastic. Do lado brasileiro estão Abril Educação, na 46ª posição; Saraiva, na 52ª e FTD, na 56ª.

O ranking é baseado em relatórios oficiais ou em informações colhidas com as próprias empresas e é uma iniciativa da Livres Hebdo, da França, com o apoio da Buchreport, da Alemanha, The Bookseller, do Reino Unido, e da Publishers Weekly, dos Estados Unidos. Na medida do possível, o ranking se baseou em composição de receita que deriva das várias formas de publicação, incluindo livros, material digital e informação profissional. Revistas e publicações empresariais foram excluídas.

O relatório apontou que a crise que balançou a economia mundial em 2008 e 2009, também sentida pela indústria do livro, começa a se dissipar. A prova disso é a melhora no desempenho das 10 primeiras editoras do ranking, conforme a tabela abaixo.

O CTP (Científico, Técnico e Profissional) tem a maior fatia quando analisado tudo o que essas editoras líderes produzem. O faturamento desse segmento ficou em 13.191 milhões de euros em 2010 (43%), seguido por livros trade com 9.555 milhões de euros (31%) e Educação, com 8.230 milhões de euros (27%). No entanto, o relatório mostra que nos últimos anos o segmento de livro didático foi o que mais cresceu (de 6.875 milhões de euros em 2008 para 8.230 milhões de euros em 2010). Trade continua caindo, pouco, mas caindo. Antes, representava 35% das maiores editoras. Em 2010, ficou com 31%.

O Brasil e outros mercados emergentes

Esta não é a primeira vez que países emergentes são incluídos no estudo. Em outros anos, grupos editoriais asiáticos, especialmente da China, Japão e Coreia, foram considerados. Para fazer este relatório, porém, houve um maior esforço em incluir o Brasil e a Rússia no escopo da pesquisa. Coreia e China também foram ouvidas.

As brasileiras Abril Educação (231,8 milhões de euros), Saraiva (188 milhões de euros) e FTD (161,6 milhões de euros) foram apresentadas como empresas com bastante foco na educação e também no varejo. Mas só as receitas da editora e da área de educação foram consideradas. Segundo a consultoria, o potencial dessas novas, e emergentes, editoras – incluindo as três brasileiras que faturaram, juntas, mais de 580 milhões de euros em 2010 - não pode ser subestimado. Com os preços dos livros representando apenas uma fração do preço dos livros europeus, japonses ou americanos, o valor de mercado em países como a China, Rússia ou Brasil, representa, em comparação, um número extremamente maior de consumidores e leitores, e, portanto, muito mais exemplares produzidos e distribuídos do que nos mercados com volume de negócios semelhantes nos países mais ricos.

O relatório indica que existem muitas oportunidades para as empresas líderes no segmento educacional, mas ressalta que a maioria desses países “receptores”, entre os quais Coreia, China, Brasil e Rússia, ainda não estão preparados para apenas importar novos materiais (incluindo, aí, os digitais). “Impulsionado por fortes políticas governamentais, esses países estão ocupados em organizar suas próprias operações locais e regionais, sejam elas baseadas em programas governamentais de compra (Brasil) ou através de controle direto dos principais atores do negócio (China)”, diz o relatório.

E-books

Nos Estados Unidos e Reino Undio, os e-books são vistos como peça-chave e já representam uma porcentagem considerável do market share das editoras. Até o momento, as livrarias têm sentido mais severamente o impacto das mudanças com o desmembramento de algumas redes (a Borders, especialmente), com o Google e a Apple ramificando-se na distribuição de livros e também com a Amazon começando algumas atividades editoriais que colocam em xeque a tradicional linha que separa editora e livraria.

No Japão, a leitura em telas está vivendo o seu momento, embora derive de material impresso, como mangás, e dependa de serviços oferecidos por operadoras de celular. Na China, sites para leitura (e publicação) de livros são muito populares e as pessoas usam computadores tradicionais e celulares para ler livros.

A oferta de conteúdo em outras línguas que não o inglês e de leitores digitais está crescendo na Alemanha, França, Espanha e Itália, mas só a Alemanha tem uma loja da Amazon. Google e Apple ainda não fortes o suficiente no mercado europeu. E isso deve mudar em 2011, prevê o estudo.

O esforço do Brasil em participar da era digital não foi citado no relatório do Ranking Global do Mercado Editorial.

Para o ranking completo, clique aqui.

[20/06/2011 00:00:00]