Mãos na obra
PublishNews, 04/01/2011
Onde começa a edição e termina a criação do livro

Um ficcionista, um professor e um especialista estão certos quanto à resposta para a pergunta mais intrigante do mercado editorial: quem vem primeiro, a ideia ou a obra? Autores e editores respondem que a ideia surge antes. O argumento é que a essência da ideia não se transforma durante o processo de edição, mas que o conteúdo que se transformou no que chamamos hoje de uma obra existiu na primeira palavra pensada, falada ou escrita.

Nenhum PhD em criação assumiria essa questão como não resolvida em seus ensaios. A certeza vem do fato de que a estrutura da obra está contida na primeira palavra pensada, falada ou escrita. Logo, a ideia abre alas para o livro. Todavia, outras autoridades na arte de escrever e editar vão garantir que a ideia sofre mutações no processo editorial, por exemplo: da mesma percepção repentina mental de algo para se produzir pode sair um romance, uma teoria, um curso didático, um manual ou apenas um artigo. A definição do gênero do texto começa na capacidade de escrever do criador e termina na linha editorial de publicação.

Podemos declarar, então, que: as ideias existiam antes mesmo de nascer o primeiro livro. Claro que talvez não tivessem as características que têm hoje. Mas quais são as características de hoje, ou seja, qual é a solução de compromisso entre autor e editor que resolve a divergência entre fim e início das partes? Pressupõe-se que tudo se resolve em contratos que respeitem a autoria da obra.

O respeito é mesmo pela autoria da obra? As possibilidades de venda da obra geram necessidades como: quem vai cuidar do quê, tecnicamente, quem vai encarregar-se dos direitos morais, patrimoniais e subsidiários do texto do autor? E para administrar ou vender cada direito receberá quanto e como? Um legista de direitos autorais questiona essas condições mercadológicas na composição das cláusulas dos contratos. O legista questiona, o autor não edita, o editor não publica e o agente literário procura vírgulas, palavras conciliáveis para que a cultura do conhecimento sobreviva a todas formas de publicação.

A lei não permite que se transfiram os direitos morais, mas e se o mercado precisa da transferência? Quem deve ceder: autor ou editor?

A lei garante ao autor o direito patrimonial sobre sua obra, mas e se o mercado não pode pagar o autor pela publicação do livro? Quem deve ceder: autor ou editor?

Cada forma de publicação, nunca antes na história deste país, ops, deste mercado, exigiu tanta técnica, tanto equipamento, tanta logística especializada como hoje. E aí, alguém se lembra de perguntar qual é a empresa “responsável” por toda essa nova diversidade de produção, juridicamente, pelos direitos subsidiários?

Nessa tangente, aqui nessa linha que toca num só ponto outro sentido ou significado, sem invalidar o contrato, começa e termina a venda do livro!

[03/01/2011 22:00:00]